É 11 de fevereiro, dia mundial do doente, e D. João Lavrador é recebido, à porta da Unidade de Saúde Local do Alto Minho (USLAM) pelo Conselho de Administração, Capelão, Diretores de Departamento e Diretores de Serviço, Chefias de Enfermagem e a Liga dos Amigos do Hospital. “Apenas três meses após a sua tomada de […]
É 11 de fevereiro, dia mundial do doente, e D. João Lavrador é recebido, à porta da Unidade de Saúde Local do Alto Minho (USLAM) pelo Conselho de Administração, Capelão, Diretores de Departamento e Diretores de Serviço, Chefias de Enfermagem e a Liga dos Amigos do Hospital.
“Apenas três meses após a sua tomada de posse, esta visita não pode deixar de ser interpretada como significando um elevado apreço e atenção aos problemas das pessoas com perturbações mentais, (…) mas também como uma forma de realçar os problemas e as dificuldades que estas pessoas e suas famílias atravessam, podendo trazer alguma esperança na sua resolução”, assume Aníbal Fonte, diretor do serviço de Psiquiatria da USLAM, em declarações ao Notícias de Viana, focando a importância desta visita para o contexto do serviço que dirige.
O mesmo Aníbal Fonte, que assume que uma das figuras importantes na sua decisão de enveredar pela medicina foi a do “na altura Padre Pedreira”, mais tarde Bispo de Viana do Castelo, quando o “introduziu na leitura de Carl Rogers”, salienta que o dia mundial do doente é uma forma de quebrar o “apagamento” que os doentes sentem “e relembrar às pessoas e às entidades com responsabilidade que há seres humanos em condições de existência muito difíceis”, em especial, porque, segundo afirma, “se assiste ao galopar das assimetrias e a um crescente distanciamento entre os mais ricos e os mais pobres”.
Também Cristina Roque, médica desde 1984, com especialidade de Medicina Interna desde 1992, ano em que João Paulo II iniciou a celebração desta data, e , neste momento, diretora clínica hospitalar da ULSAM, sublinha que o dia mundial do doente é importante “para dignificar tanto a vulnerabilidade da pessoa doente como o esforço e dedicação do profissional de saúde ou do cuidador”, chegando a confessar que é necessário “acordar a consciência de quem olha para a doença grave como algo distante que apenas acontece aos outros”.
Mas para esta médica não se pode pensar este dia sem uma dinâmica de responsabilização geral, pois, segundo diz, “certas doenças resultam de uma generalizada ‘falta de respeito’ pela saúde: individual, comunitária e até planetária. Algumas seriam mesmo evitáveis se as pessoas procurassem manter um estilo de vida sóbrio e bem mais saudável, com mais respeito pela Natureza, não cedendo reiteradamente a excessos e ‘maus hábitos’, alguns deles ditados pela “moda” e outros por uma sociedade que vive e abusa do consumismo”.
O Pe. Fábio Carvalho, Capelão hospitalar, assume que se tratou, também, de uma ocasião para expressar a gratidão “aos cerca de cinquenta colaboradores da capelania”. “Foi uma oportunidade de nos reconhecermos envolvidos pelo desafio a sermos portadores do amor e da compaixão para com os que sofrem”, confessou, pondo em destaque a tarefa de “levar conforto e a paz de Cristo a quantos sofrem”. “Oferecemos à sociedade, como Igreja samaritana, um sinal forte e consistente em prol da defesa da dignidade da vida humana e um contributo evidente para a humanização dos cuidados de saúde”, focou.
Foi, nesta linha, que, depois de percorridos os Serviços de Medicina Interna, Unidade de Cuidados Intermédios Polivalente, Unidade de Cuidados Intensivos, Radiologia, Psiquiatria e Saúde Mental, Direção da Liga dos Amigos do Hospital, D. João Lavrador centrou a sua homilia, na celebração a que presidiu no final da manhã. “Acima de tudo temos que pensar que quem está a sofrer, quem está magoado, é uma pessoa”, afirmou, chamando a atenção para a importância do papel dos profissionais de saúde, sublinhado a beleza e o carinho demostrado no cuidado médico. “Os profetas levaram a esperança ao seu povo. Por isso, os profissionais de saúde são como os profetas, porque levam uma palavra de esperança e são colaboradores da obra de misericórdia de Jesus Cristo”, concluiu. É, também, deste modo que Cristina Roque olha para o seu trabalho que, assume, tem “um certo sentido humanitário”. “A pessoa que sofre merece toda a nossa compreensão, atenção, simpatia e cuidado, o melhor que sabemos e podemos”, enfatizando a necessidade de “escutar ativamente o doente, família e cuidador(es)”. Aníbal Fonte, por seu turno, reforça que a “fragilidade de uma pessoa não é a de um órgão ou de um sistema (…) mas a pessoa na sua totalidade”, evidenciando a “reaprendizagem” que é preciso potenciar nos casos em que foi criada uma rutura no “como estar na vida”, apesar de, assumir, “todos sermos pessoas em construção”.
No final, Cristina Roque, em jeito de balanço, reconheceu que, “pelo seu gesto afável e comunicativo, a visita de D. João Lavrador representou um momento muito especial para todos os doentes e profissionais que o aguardavam”.
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