“A arte de celebrar” ocupa 18 números do documento do Papa Francisco, tornado público por ocasião da solenidade de S. Pedro e S. Paulo, a Carta Apostólica Desejei Ardentemente (DA).
Nunca nos cansaremos de reler, retirando aspetos que nutrem as nossas celebrações: “a arte de celebrar é certamente uma das formas de cuidar dos símbolos da liturgia e de crescer na compreensão vital destes.” (DA 48) Uma arte que, para todos, inspira cuidados, em particular para os ministros celebrantes. Todos desejam ser exímios nesta arte. Não se trata de uma exclusividade, mas muito envolve aqueles que nela estão mais ativos.
A arte de celebrar requer conhecimentos. “Em primeiro lugar, é preciso compreender o dinamismo que se desenvolve através da liturgia” (DA 49), olhando cada celebração como um todo, que como memorial, torna presente o Mistério Pascal. Sobretudo na Eucaristia, Jesus acontece para toda a comunidade reunida e esta O recebe e d’Ele vive quotidianamente, sendo permanentemente convidada a ser hoje a Sua presença no mundo atual. Isto acontece também na celebração dos restantes Sacramentos, nos quais Jesus Cristo Se entrega nos sinais que articulam cada um. Cada batizado, pela sua participação, pode fazer a experiência na sua própria vida; se assim não for, arisca-se aos perigos do “exteriorismo” e do “rubricismo”.
A arte implica a consciência serena da presença do Espírito Santo, o Único que introduz cada um no mistério que celebra e que opera sempre em ordem à harmonia pessoal e comunitária, o que livrará cada um da “invasão de elementos culturais assumidos sem discernimento” (DA 49). O Espírito Santo é o motor invisível da celebração, pois abre para todos o acesso aos bens de Deus que cada celebração tende a veicular.
Esta arte não se improvisa, mas exige preparação constante e afetuosa simbiose com esta “alma da comunidade”. Não se inventam celebrações, mas vivem-se no Espírito, como se respira para a vida em geral, nada conseguindo por suas escassas forças. Cada celebração exige “aplicação constante” na “inspiração” que lhe é própria (DA 50).
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A assembleia não está excluída, pois é parte integrante de qualquer celebração, quer numerosa quer exígua. Os seus gestos, “reunir-se, ir em procissão, assentar-se, estar de pé, ajoelhar-se, cantar, calar-se, olhar, escutar”, “são formas de participar”, de ter consciência de “ser um só corpo” (DA 51). “Não se trata de seguir um livro de boas maneiras”, mas sobretudo de uma “disciplina (…) que nos forma autenticamente”, “gestos e palavras que colocam ordem no nosso mundo interior (DA 51).
“O silêncio ocupa um lugar de importância absoluta”. “Toda a celebração eucarística está imersa no silêncio”, pois é o silêncio “que conduz à dor do pecado e ao desejo de conversão. Desperta a disponibilidade para a escuta da Palavra e desperta a oração. Dispõe-nos a adorar o Corpo e o Sangue de Cristo. Sugere a cada um, na intimidade da comunhão, o que o Espírito Santo quer operar nas nossas vidas para nos conformar ao Pão partido” (DA 52).
Um documento, todo ele a ser bem digerido!
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