Desde a Reforma do Concílio Vaticano II, o Ano Litúrgico abre, depois de celebrada a solenidade de Cristo Rei e respetiva semana, com o primeiro Domingo do Advento. A festa de Cristo Rei é ocasião para, em união com o Papa Francisco, celebrar o Dia Mundial da Juventude, e o I Domingo do Advento aparece como pórtico do grande ano da Jornada Mundial da Juventude, que, com o Santo Padre Francisco, se celebrarão em Portugal, acolhendo a juventude de todo o planeta (em 2023).
O Concílio Vaticano II, na sua Constituição sobre a Divina Liturgia, aprovada em 4 de dezembro de 1963, afirma que “a Igreja celebra o mistério pascal todos os oito dias, no dia em que bem se denomina Dia do Senhor ou Domingo. Neste dia devem os fiéis reunir-se para participarem na Eucaristia e ouvirem a Palavra de Deus, e assim recordarem a Paixão, Ressurreição e Glória do Senhor Jesus e darem graças a Deus que os ‘regenera para uma esperança viva pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos’ (1 de Pedro 1,3)” (SC 106).
Isto significa que iniciar um novo Ano Litúrgico é participar numa nova etapa para estruturar a visão crente de todos os pormenores da vida quotidiana de quem assim testemunha a sua perspetiva sobre a vida: quer prosseguir com Cristo amigo no coração, dando provas sucessivas desta pertença constante, numa amizade que revivifica o quotidiano. Enriquecer e avançar.
O Ano Litúrgico chega com o Advento, um tempo que atualiza a lenta preparação para o Natal que se aproxima. Este Tempo faz memória de tudo o que aconteceu para a Vinda de Jesus ao Mundo, desde os tempos mais remotos até ao itinerário de Maria e José que tornou possível o Nascimento de Jesus, nos inícios da nossa era. Os aspetos históricos aparecem como acontecimentos que ajudam a entender o presente e a outorgar-lhe aspetos individuais que dão sentido. São José e Nossa Senhora são as figuras de realce do Advento e ajudam a acalentar esperanças.
Há uma panóplia de aspetos de caráter pessoal, as visitas familiares, os telefonemas amistosos, os postais, as cartas escritas, os emails, as mensagens distribuídas, a intensidade crescente de tantas formas de acalentar amizades, as ofertas inesperadas, as orações discretas, as lembranças calorosas, os beijos e abraços aconchegados, as carícias quentes e os cumprimentos cheios de coração, tantas formas de aproximar e de viver socialmente. Este tempo é vital e oferece vida.
Advento é tempo de entrega e presença; de remoer memórias e de ajeitar a vida para o Nascimento do Natal; de criar enlevos e balancear carinhosamente os bebés; de garantir o amanhã do mundo que sorri na história de cada um. Uma franja de quatro semanas que desempoeira a vida e a torna sorridente, como o Menino recém-nascido.
O interior individual prepara-se com graças esquecidas, com sacramentos abafados por tantas poeiras, com conversas honestas e esperançosas, com encontros comunitários muito pessoalizados, sem o anonimato que permeia a azáfama diária corrente. O Advento nunca esquece o horizonte e canta alegremente com Quem vem.
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