O Dia Mundial do Teatro comemorou-se a 27 de março e são várias as companhias de teatro que apresentam espetáculos para celebrar a data. Em Viana do Castelo, o Teatro Noroeste - Centro Dramático de Viana (CDV) não foi exceção.
Após quase três anos de pandemia, que obrigou a novas estratégias de se concretizar projetos, ainda há pessoas que procuram o teatro para se alimentarem culturalmente. A Guerra de Sexos é uma dessas peças que, segundo Ricardo Simões, diretor artístico do CDV, “tem tido um aumento na procura dos bilhetes, pelo facto de ser uma comédia e por a divulgação estar a ser muito bem feita”.
A 154ª criação do CDV é uma comédia “picante” e com “bolinha laranja”, criada a partir de Lisístrata de Aristófanes, reescrita e encenada por Ricardo Simões. Fala das eternas diferenças entre homens e mulheres, que marcam a vida conjugal de três casais de férias nas ilhas gregas. “Elas querem praia e romance e eles querem videojogos e sexo, mas têm horários desfasados. Eles querem fazer isto à noite e dormir de dia, e elas é o contrário, querem ir para a praia de dia”, conta Ricardo Simões, desvendando que as peripécias gregas de Lisa, Mira, Cleo, Lica, Néu e Leo, prometem riso, mas também reflexão sobre as eternas diferenças entre géneros. “Ao contrário do clássico Lisístrata de Aristófanes, cuja linguagem é muito explícita, muito malandra e picante, aqui teve de haver uma “suavização da linguagem, por isso, podemos dizer que “Guerra de Sexos”, é uma comédia picante, mas tem uma bolinha laranja, porque não inclui ‘asneirolas’. Uma história com 23 séculos com a qual qualquer espectador se vai identificar, garante.
O autor e encenador confidenciou ainda que um dos maiores desafios na criação deste espetáculo foi transcrever e atualizar a peça com dezenas de personagens para seis interpretadas por Elisabete Pinto, Helena Ávila, Nuno J. Loureiro, Philippe Leroux, Rafaela Sá e Tiago Fernandes.
Elisabete Pinto interpreta Lisa e, segundo a atriz, “está muito descontente com tanto dinheiro que gastou nestas férias”. “Ela vendeu um anel que tinha para comprar esta viagem e o desgraçado do marido (Lica) não lhe está a dar o apoio necessário. Insatisfeita com o que desejava daquelas férias nas ilhas gregas – com tudo o que investiu para a viagem – desejava que fosse perfeito: praia, amor, sexo, jantares, saídas, e que o marido a acompanhasse, mas ele não está nada p’ra aí virado, então a Lisa e as amigas – que é a Mira e a Cleo -, revoltam-se contra isso e iniciam esta guerra de sexos”, desvendou.
Helena Ávila, que já integrou a companhia no passado, está de volta a Viana do Castelo e interpreta Cleo. “É um regresso. O último espetáculo que fiz (com o CDV) foi há sete anos, o Pinóquio, encenado pelo Fernando Gomes. Entretanto, a minha vida mudou e saí de Viana do Castelo”, contou, assegurando: “Agora com este convite, fiquei muito feliz em regressar. Sinto-me em casa; trabalham muito bem, é uma equipa coesa que sabe o que está a fazer e só coisas boas saem daqui. Estou muito satisfeita.”
Já Nuno J. Loureiro é Neo e está “a cumprir as minhas férias de sonho, com os amigos, que trouxeram as suas mulheres”. “Estamos muito divertidos, muito bem-dispostos e não percebemos porque é que elas estão muito mal dispostas. Fizemos um grande esforço conjunto para proporcionar umas férias a toda a gente e, sinceramente, somos vítimas de uma injustiça que não percebemos”, acrescentou, entre risos, frisando: “É mesmo importante para nós jogarmos aquele jogo neste sítio, só que somos incompreendidos.”
A Guerra de Sexos conta com assistência de encenação, cenografia e adereços de Adriel Filipe, figurinos de Rafaela Mapril, coreografia de Mariana Pombal, seleção musical e oralidade de Vítor Lima e iluminação de Cárin Geada, Prémio Revelação Ageas Teatro Nacional D. Maria II em 2022.
A estreia aconteceu no dia 27 de março, no Teatro Municipal Sá de Miranda, e vai continuar em cena até 16 de abril com sessões nos dias 31 de março e 14 de abril às 21h00, nos dias 1, 13 e 15 de abril às 19h00 e domingos, dias 2 e 16 de abril às 16h00.
O Serviço Educativo do CDV organiza ainda várias atividades de mediação e acessibilidade: Reconhecimento de Palco em todas as sessões mediante pré-inscrição, Tradução Simultânea em Língua Gestual Portuguesa e Digestivo – Conversas Pós Espetáculo, no dia 1 de abril e Audiodescrição no dia 15 de abril, destacando-se ainda que todas as sessões terão legendagem em inglês.
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