Em cima da mesa estão cinco copos. Inês Correia, Marta Barbosa e Matilde Viana garantem que, embora de cores diferentes, o sumo que os preenche é o mesmo. Ao Notícias de Viana, Inês explica que se trata de uma experiência integrada na disciplina de Psicologia, que visa colocar em questão a forma como a cor afeta, ou não, a decisão das pessoas. “Os sumos são os mesmos e os corantes não acrescentam nada além da cor. E o que acontece é que as pessoas optam, tendencialmente, pelo sumo com a cor favorita e afirmam que o sumo mais intenso é o sumo com a cor mais viva”, explica, ao mesmo tempo que assume ser relevante a área de psicologia marcar presença, para mostrar “outro tipo de ciência”, para lá da biologia ou da física.
As três fazem parte do grupo dos alunos mais velhos (12º ano) que integram o cerca de um milhar de estudantes oriundos de todo o país que, no passado dia 18, povoaram o Colégio do Minho na 11ª edição da Feira da Ciência, levada a cabo numa parceria com a rede Internacional “Hands-on Science”, em que alunos, do pré-escolar até ao ensino secundário, apresentam projetos de caráter científico por eles desenvolvidos.
Zita Esteves é professora de Física e Química e de Física do Colégio do Minho, e Manuel Souto Costa é professor no departamento de Física da Universidade do Minho e responsável pela “Hands-on Science”. Ambos são responsáveis pela iniciativa, em que “todos percebem a importância que a ciência tem”. “Esta semana é stressante e, ao mesmo tempo, motivadora. No final, os alunos saem satisfeitos e contentes”, afirma Zita, garantindo que existem projetos com “muita qualidade”. “Normalmente, a apreciação que as pessoas têm da ciência é positiva, assim como estes alunos têm, embora estejam condicionados, uma vez que esta iniciativa está envolvida em atividades escolares e implica uma avaliação. No entanto, o nosso objetivo aqui é que eles se empenhem a desenvolver os seus projetos, reconhecendo que o processo de aprendizagem nem sempre é fácil”, refere Manuel, defendendo que “a ciência também implica muito trabalho”. “Neste processo, faz parte saber lidar com a desilusão. E, portanto, a ideia principal é pôr os alunos a estudar e que sejam capazes de responder às questões que eles próprios podem levantar ou até de coisas que vão surgindo”, acrescenta.
O diretor do Colégio do Minho, Ricardo Sousa, frisa que a Semana da Ciência é “o culminar de um conjunto de projetos que são desenvolvidos pelos alunos nas aulas práticas”. “Este ano, a escola de mais longe vem de Leiria”, começa por revelar, acrescentando que também há alunos de Viana do Castelo, Braga e Porto.
Este ano, o Colégio responsabilizou uma turma de 11º ano pela organização logística da Feira. “Os alunos mais velhos têm de acompanhar os alunos do 1º ciclo, e têm ainda a oportunidade de participar nas experiências”, acrescentou o diretor.
Outros dos projetos pertenciam a Bernardo Lima e Tomás Viana, e a Melissa e Ana, do 7º ano. Os dois amigos criaram um soprador, uma ideia que surgiu depois de assistirem a um vídeo de um aspirador no Youtube. “O nosso projeto é um soprador que pode ser usado como aspirador se invertermos os cabos”, explica Bernardo. “Quisemos fazer reciclagem de material e, portanto, utilizámos uma lata de refrigerante para fazer o nosso soprador”, acrescentou Tomás. Já Melissa, juntamente com quatro amigas, desenvolveu o projeto “Luz Batata” que mostra que “a batata produz eletricidade para iluminar uma lâmpada”. “A batata é um bom condutor de eletricidade”, afirma Melissa. “Uma batata consegue iluminar um quarto com uma lâmpada led por 40 dias”, aponta Ana.
O prémio final foi atribuído a Luís Martins, um estudante do 11º ano, de Braga, que vai apresentar um protótipo inovador direcionado para a segurança dos utilizadores de trotinetas na Universidade de Barcelona, em Espanha, entre os dias 17 e 21 de julho.
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