A busca por uma vista desafogada

Começou por ser uma segunda habitação. Com a crise do subprime de 2007 (crise financeira iniciada nos Estados Unidos da América do Norte) tornou-se, progressivamente, bem mais que isso. Rui Marinho estava ligado à construção de piscinas, e procurava uma casa que correspondesse a três critérios: ter espaço para uma piscina, ter uma vista desafogada, e estar perto e, simultaneamente, longe de Barcelos, terra de onde é natural e onde trabalhava.

João Basto
30 Jun. 2023 3 mins
A busca por uma vista desafogada

Ao fim de um ano e meio, acabou por encontrar o lugar que idealizava em Carralcova (Arcos de Valdevez). Restaurou a casa nesse mesmo inverno, mas com os ventos desfavoráveis oriundos da queda do índice bolsista Dow Jones, devido à prática irresponsável de concessão de empréstimos hipotecários de alto risco, viu o mercado da construção ressentir-se e, com ele, a construção de piscinas. É aí que, de um investimento que começou por ser, confessa, “uma ilusão”, dado o trabalho e o custo que implica em manutenção, pensou em rentabilizá-lo, partindo da sua experiência empresarial, na qual tinha já um número considerável de piscinas construídas para turismo rural.

Ao início, tudo parecia uma “pequena brincadeira” inaugurada em junho de 2009, mas, nesse mesmo ano, a ocupação do verão obrigou Rui, e a esposa, a começar a investir no turismo rural e a desinvestir na construção de piscinas, abrindo 2 novas casas a cada ano, de lá para cá. Ao todo, neste momento, contam-se 11 casas, às quais se pode acrescentar o investimento recente num hotel rural, através de uma tipologia diferente, que conta com um bar e um restaurante.

A aldeia, segundo explica o proprietário, ficou praticamente desertificada na década de 80, fruto do forte fluxo migratório para Canadá, Estados Unidos da América do Norte e França, no período do Estado Novo. Quando chegou à aldeia, encontrou apenas o Sr. João e a D. Maria, entretanto já falecidos, como residentes permanentes, que considera terem sido os seus “embaixadores” junto dos hóspedes.

Hoje, uma das prioridades continua a ser revitalizar um lugar “que estava condenado a ficar abandonado”. “Querendo-se, ou não se querendo, o turismo é um dos pilares para que haja fixação de pessoas – pela criação de postos de trabalho – e para que a população tenha uma outra dinâmica”, esclarece, enunciado alguns projetos que a ArcosHouse realiza com a comunidade, seja através da gestão da água das levadas e dos consortes, seja através da criação de um posto de recolha hídrico acessível a helicópteros de combate a incêndios florestais.

Daí nasce a preocupação pelas “boas práticas ambientais”. “Desde o início que tentamos agir no sentido de proteger o meio que nos rodeia”, indica, afirmando que, das 13 licenças de turismo de natureza que existem, 3 estão afetas à ArcosHouse, que obrigam ao cumprimento de uma série de critérios, como a utilização de painéis solares, de energia oriunda de um fornecedor verde, à atenção ao desperdício, ou ao necessário aconselhamento ao cliente acerca das práticas levadas a cabo. “No entanto, o turismo nacional está cada vez mais consciencializado acerca deste domínio”, conclui.

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