Conceição Rodrigues e José Neves são, desde 2022, o rosto da Biblioteca Itinerante de Viana do Castelo, que leva anualmente centenas de livros às mais de 30 freguesias do concelho. Um serviço prestado há mais de 20 anos pela Biblioteca Municipal, nas escolas, nas instituições e, mais recentemente, nas fábricas.
A escala já existe desde a primeira viagem da Biblioteca Itinerante. Hoje, a equipa percorre as freguesias e ajusta-a à nova realidade. Todos os dias, de manhã e à tarde, a carrinha sai à rua. No passado dia 27 de junho, a tarde iniciou-se com a visita à Zona Industrial de Lanheses, mais concretamente, à Bontaz Portugal, que pertence ao grupo francês especializado na conceção e fabrico de peças para automóveis. E é uma das fábricas que aderiu ao projeto. “A empresa privilegia, cada vez mais, os seus colaboradores. Queremos que eles se sintam em casa e, portanto, criámos, recentemente, uma área de lazer para que eles possam ter momentos de descontração no ambiente de trabalho”, refere a empresa, enaltecendo a importância da parceria. “Os livros são de interesse comum e temos um espaço dividido por categorias, com os diferentes livros que nos chegam. Assim, os colaboradores podem levá-los para casa. No entanto, alguns deles, leem durante os intervalos ou períodos de descanso, e deixam o seu marcador no livro para saber em que página vão”, conta.
O diretor da Biblioteca Municipal, Rui Viana, descreve o projeto como “atual e muito interessante”. “A Biblioteca Itinerante é um serviço que prestamos à comunidade, fornecendo o acesso ao livro, principalmente, às pessoas que vivem longe da sede do concelho e que não têm tanta possibilidade de aceder à Biblioteca Municipal”, refere, confidenciando que o seu público tanto são crianças, como adultos. “Em alguns pontos, privilegiamos o horário pós-laboral para que as pessoas, depois do trabalho, possam visitar a Biblioteca Itinerante. E, portanto, é um serviço a manter”, salienta.
Antes da saída para a rua, Conceição e José fazem a seleção dos livros que levam para os diferentes pontos. Após um ano, já conseguem perceber alguns interesses e gostos daqueles que procuram a Biblioteca Itinerante. “Em oito meses efetivos de trabalho, percebemos que Lanheses e Darque, por exemplo, são duas das freguesias com mais afluência”, revela Conceição. “As pessoas gostam muito, e sinal disso é que voltam para trocar e levar novos livros”, acrescenta José.
Conceição conta ainda que, “muita gente”, se refere à Biblioteca Itinerante como “a carrinha mágica” porque “a magia é diferente” do que aquela que existe numa biblioteca ‘ “normal” ’. “Os miúdos são, talvez, os que fazem mais festa quando nos vêm”, admite José, contando: “As crianças vêm acompanhadas, e eles escolhem. É curioso que, alguns dos pais eram leitores da Biblioteca Itinerante, e querem manter esse hábito com os seus filhos”.
O contacto de proximidade é o que mais privilegiam. Em São Lourenço da Montaria, Conceição recorda uma conversa com um senhor que deixou de ser leitor. Não entende a razão, mas ficou surpreendida com o conhecimento e quantidade de autores que tinha lido. “Na Associação Terra, sentimos que eles estão ansiosos para nos receber. Mal escolheram os livros, os miúdos sentaram-se nos bancos para ler”, recordam, garantindo que “é um trabalho gratificante”.
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