Paredes de Coura levou peregrinos franceses aos Caminhos de Santiago de Compostela

Cerca de 80 peregrinos das Dioceses Metz e Verdun (França), juntamente com o Arciprestado de Paredes de Coura, participaram numa parte de uma etapa dos Caminhos de Santiago de Compostela, que teve início em Agualonga e terminou em S. Bento. A iniciativa está integrada nos Dias na Diocese (DND), no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Notícias de Viana
29 Jul. 2023 6 mins
Paredes de Coura levou peregrinos franceses aos Caminhos de Santiago de Compostela

Foram 8,5 quilómetros entre caminhos campestres e uma estrada nacional. Os peregrinos cantaram e rezaram. A GNR fez questão de acompanhar os jovens, garantindo a sua segurança e, a meio do caminho, fizeram ainda uma paragem na igreja românica de Rubiães. “É um percurso fácil de fazer que nos permite estar em contacto com a natureza, usufruindo daquilo que nos oferece”, contou o Pe. Joel Brito, responsável do COA de Paredes de Coura, enaltecendo o gesto da GNR que “solidificou o respeito pelos peregrinos”. 

O primeiro dia ficou marcado pela chegada dos cerca de 80 peregrinos franceses. Já o segundo e terceiro dias foram, após a oração da manhã, dedicados ao Museu do Lego, “uma referência nacional”, ao Museu Regional, “que mostra os antepassados do Arciprestado”, a um atelier de biscoitos de milho, “um doce tradicional”, e à Elevadora, “uma incubadora de empresas para start up’s”. “Faço um balanço muito positivo porque, embora tivéssemos alguns imprevistos, conseguimos cumprir com aquilo a que nos propusemos”, garantiu o responsável, salientando que o programa “chegou a todos”. “Queríamos que eles conhecessem Paredes de Coura, evitando mais viagens de autocarro. Por isso, escolhemos locais estratégicos e emblemáticos que mostrassem a nossa vila”, explicou.

O programa incluiu ainda uma Noite Cultural com a Associação de Padornelo e Parada, a participação na procissão de velas da Romaria da Nossa Senhora do Livramento e a assistir ao Mundo ao Contrário, uma iniciativa municipal com mais de 30 espetáculos, animação de rua, teatro-‘clown’, novo circo e residências.

Na Elevadora, enquanto uns jogam jogos de tabuleiro e ping-pong, e outros andam de kart e bicicleta, há formação nas diferentes áreas, onde os peregrinos puderam conhecer e utilizar os equipamentos tecnológicos. “Para muitos é uma novidade, mas para outros não. Já conhecem até porque existem vários espaços como este espalhados pelo mundo”, começou por dizer o coordenador André Viana, ressalvando o feedback “positivo”. “Eles gostam de interagir com estes equipamentos, principalmente, a impressão têxtil porque conseguem personalizar as t-shirt’s que lhes foram oferecidas. Além disso, levam ainda um porta-chaves e um pião alusivos a Paredes de Coura”, referiu, salientando que “a JMJ irá promover a interação de jovens de vários países”. “Certamente, sairão de Paredes de Coura e depois, de Lisboa, mais enriquecidos”, frisou.

O Pe. Gautier Luquin veio da Diocese de Verdun e, para ele, a JMJ tornou-se uma oportunidade de conhecer Portugal e as suas formas de viver social e culturalmente. “Aquilo que nos proporcionaram foi muito bom. Fomos muito bem acolhidos. Foi um momento caloroso”, garantiu, descrevendo os Caminhos de Santiago como “um dom”. Foi um caminho muito espiritual e físico que nos colocou em marcha como Isabel e Maria”, especificou, acrescentando: “A primeira expectativa para a JMJ é ir ao encontro de Cristo. Vimos para conhecer e viver Cristo e, em Cristo, servir os outros porque somos cristãos por nós mesmos.”

Já Aurélie Durand é responsável por um grupo de jovens da Diocese de Metz. Escolheram Viana do Castelo para viver os DND por ser perto de França. “Também queríamos experimentar uma coisa que fosse diferente de Lisboa e estamos contentes por estar num sítio montanhoso como este”, salientou, enaltecendo o acolhimento e a festa cultural. “Todos fazem com que nos sintamos em casa”, afirmou. 

Sobre os Caminhos de Santiago, a responsável contou que uns nunca tinham feito e outros fizeram o Caminho francês. No entanto, “este caminho é diferente”. “Foi muito bonito seja pelo seu contexto natural e ambiental”, frisou.

Com 15 anos, Hugo Sousa é da paróquia de Rubiães e pertence ao Grupo de Jovens de Cunha e Agualonga. É voluntário, vai participar na JMJ e, nos DND, tem acompanhado alguns peregrinos. “É uma experiência nova e enriquecedora. Não sei falar francês, mas estou a aprender com eles”, contou, admitindo que quis participar porque “queria ajudar a acolher” os peregrinos. “Estamos também a conhecer a cultura deles”, acrescentou. 

Durante as atividades, apareceu o presidente da Câmara Municipal, Vítor Pereira. “O papel da Câmara Municipal é de colaboração e cooperação porque é uma forma de acolher e mostrar o nosso território desde as paisagens maravilhosas aos projetos culturais, deixando a vontade de um regresso”, salientou, confidenciando: “Queremos que os jovens, que visitam pela primeira vez Paredes de Coura, levem uma boa recordação.”

O autarca descreveu a JMJ como uma “oportunidade única”. “Para quem organiza, o interesse primordial é o encontro de católicos mas, para o país, embora hajam críticas, é uma oportunidade turística, económica e de promover o território de forma positiva”, defendeu. 

O Arciprestado de Paredes de Coura contou ainda com o apoio de 40 voluntários e 35 famílias de acolhimento. Á JMJ, em Lisboa, vai levar 81 jovens. “A partilha está a ser excelente. Já recebemos algum feedback das famílias e, uma delas, contou que eles (franceses) ajudaram nas tarefas”, confidenciou o Pe. Joel Brito, salientando “o cuidado e respeito mútuo”. “Nós cantamos e rezamos com eles”, disse, exemplificando: “Ontem, rezei as laudes com eles através de uma aplicação e, hoje, até nos deram os seus livros para podermos acompanhar as suas orações. Além disso, rezamos o Pai-Nosso em português. Eles escreveram no papel e rezaram connosco. Portanto, há um acolhimento mútuo.”

O sacerdote referiu ainda que os franceses levarão para a suas Dioceses “o acolhimento, a alegria e a boa organização”. “Mostramos a vida das paróquias de Paredes de Coura. Espero que levem um bocadinho delas com eles”, frisou, apelando à Igreja para que se prepare para o que vai acontecer depois da JMJ. “Preparamos as coisas mas, quando termina, não damos continuidade à festa em si e, portanto, será um dos desafios. Temos de aproveitar esta experiência para manter os nossos jovens ligados à igreja”, atirou, defendendo: “Devemos aproveitar esta alegria, dando oportunidades aos jovens.”

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