Quem acha que as motas são só para rapazes, desengane-se. Nos últimos anos, Mariana Afonso tem conquistado vários títulos no desporto motorizado. Para 2024, os planos são ingressar no ensino superior em Engenharia Mecânica, manter o título de campeã nacional de Mini Enduro e participar no campeonato do mundo.
Natural de Chafé (Viana do Castelo), a jovem de 18 anos seguiu a paixão do pai pelo desporto motorizado, passando várias horas do seu dia a acompanhar o seu percurso. “Desde pequena que ando neste mundo”, contou, confidenciando que o apoio em casa “nunca faltou” quando decidiu também competir. “O meu pai e a minha mãe aceitaram muito bem porque já apreciavam este desporto”, assegurou.
Aos oito anos, estreou-se no mundo das motas participando em provas de Supercross mas, assim que experimentou uma mota de Trial com 10 anos, nunca mais a largou. “Foi paixão imediata”, frisou, admitindo, entre risos, que, muitas vezes, as pessoas questionavam a sua habilidade para as motas sem carta de condução. “Aos 16 anos fui tirar a carta, porque era necessária para algumas provas”, explicou.
Mariana Afonso é treinada pelo pai e, mais recentemente, tem-se dedicado ao Enduro. “É uma modalidade que exige outra preparação. Faço ginásio e quase todos os dias treino, para chegar às provas em forma”, contou, adiantando que, na semana de provas, tem cuidado com a alimentação. “As coisas que correm menos bem afetam a nossa relação, mas tentamos separar a relação de pai e filha, de atleta e treinador”, acrescentou, frisando: “Não o troco por nada.”
Até hoje, participou nos Campeonatos Nacionais de Trial e em vários campeonatos em Espanha, como a Copa Galega Infantil de Trial, o Trofeo Galego de Trial e o Campeonato de Espanha de Trial, obtendo sempre lugares de prestígio. “O título espanhol deu-me um gozo especial, por ser o campeonato mais forte depois do mundial. Foi uma honra ser a primeira portuguesa a conseguir um título lá”, afirmou, referindo que “é um prazer estar entre os melhores”.
Em 2015 foi campeã Troféu Nacional de Trial em Iniciados e, em 2016, campeã Troféu Nacional de Trial em Promoção, classificou-se em terceiro lugar no Troféu Galego Trial em TR5 e ficou em sexto lugar na Copa Galega Trial em Juvenil.
Já em 2017, sagrou-se campeã Troféu Nacional de Trial em Promoção e ficou em segundo lugar no Campeonato de Espanha de Trial em Femininas C. Em 2018, foi a terceira classificada no Troféu Nacional de Trial em Consagrados.
Nesse mesmo ano, teve uma lesão grave que a manteve afastada durante meses. “Foi um período complicado, mas consegui regressar”, admitiu, confidenciando que não sabia que ia chegar onde está hoje. “Não sabia que ia conquistar os títulos que tenho, mas sempre trabalhei muito para isso. Sempre me dediquei muito e, ao fazê-lo seriamente, abdiquei de algumas coisas”, contou, garantindo que não trocaria a sua vida por nada. “O que sou hoje profissionalmente e pessoalmente devo a este desporto. Deu-me valores muito importantes para a minha vida”, salientou.
A atleta participou ainda em dois campeonatos do mundo e, no ano passado, sagrou-se campeã nacional de Mini Enduro. Este ano renovou o mesmo título, mas na prova rainha. “Fiquei contente porque fui a piloto mais nova a conquistar este título”, enalteceu, reconhecendo que estas conquistas também acarretam responsabilidade. “Quero mostrar que as mulheres conseguem singrar no desporto motorizado”, frisou.
Ainda este ano, foi a primeira mulher na “elite” do trial em Portugal. Embora os resultados não tenham sido os melhores, só a experiência “já valeu a pena”. “Não pensei fazer algumas coisas que fiz. Não estava à espera, e só por isso já valeu a pena”, confidenciou.
A Câmara Municipal de Viana do Castelo tem sido um apoio importante no percurso da atleta. “Os meus pais têm uma oficina e loja de motas, mas a Câmara Municipal tem ajudado. Sem eles, não seriam possíveis muitas coisas”, garantiu, considerando que o Município está a fazer um trabalho “bastante bom” com os atletas das várias modalidades.
Em 2024, Mariana Afonso quer regressar aos estudos depois de um secundário “difícil”, que lhe deu bagagem para o futuro. “Quis parar um ano para descansar e dedicar-me ao desporto”, explicou, assegurando que vai continuar a competir até lhe ser possível. “Vou participar no campeonato nacional de Mini Enduro, e estamos a reunir condições para fazer o campeonato do mundo”, revelou, afirmando: “Vou dar o melhor de mim.”
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