“Pentateuco das Passagens” é a nova obra do padre católico Joaquim Félix de Carvalho, que oferece aos seus leitores e amantes de poesia uma série de “viagens caminhadas” através de um livro de “haikus de instantes e detalhes”. A apresentação do livro será feita no dia 25 de abril, pelas 21h30, na capela Árvore da Vida, no Seminário Conciliar de Braga. E, no dia 26, pelas 21h00, irá apresentá-lo no salão da Casa do Povo, em Fragoso (Barcelos), de onde é natural.
No texto de apresentação, que convida os leitores numa viagem a cada um dos lugares dos cinco livros, Livro da Escandinávia, Livro do Sul da Gália, Livro da Helvécia, Livro da Estiagem e Livro das Teorbas, o Pe. Joaquim Félix de Carvalho dá nota de que são “cinco livros”. “É um Pentateuco, um livro de livros. O leitor acolhe uma pequena biblioteca de mão”, refere, revelando que “todo ele está escrito em haiku”. “Isto é, em poesia de raiz tradicional japonesa, necessariamente reinventada na contemporaneidade. Isso mesmo, numa forma textual brevíssima. E, acrescente-se, ao mesmo tempo tão densa como é uma pedra quartzítica, na intensidade da sua concentração. Pedra, sim, mas a luz atravessa-a. E, em todas as faces e arestas, gera irradiações para os leitores. São pedras escritas. Mesmo que nem tudo seja dito, na propositada suspensão da linguagem, a obra dispensa prefaciadores. Sem requerer explicações, penso, todavia, que podem servir de orientação três breves notas aos leitores”, explica.
O autor adianta ainda que o tempo lhe serviu de “horizonte na criação poética”. “Os haikus foram ditados no respeito pela sua multissecular tradição, interpretada em progresso”, disse, assegurando que é “fiel ao estilo do haiku clássico” embora, em quatro dos livros, use “a forma de verso livre, que Reginald Horace Blyth adotou nas suas traduções; formato que veio a tornar-se o padrão do haiku mundial”. “O Pentateuco das passagens cumpre-se, no arco de uma década, por viagens e caminhadas. Ao longe e ao perto, em grupo de amigos e em solitude, as passagens fazem-se por dentro e por fora. É verdade, em todos os sentidos, inclusive nas camadas sonoras e do tempo. E por desvios, também. Tudo comunga na deslocação”, acrescenta, apelando: “Por fim, ─ e se assim posso apelar, não mais do que isso ─, deixo um conselho para a leitura deste Pentateuco: por escasso que pareça cada haiku, demora, demora, e volta a demorar, em cada verso. Agora é o espaço da tua participação. Torna-te leve na leveza, na maravilha de simplesmente estares presente no quotidiano. Ao ponto de assumires, como Rainer Maria Rilke na sétima elegia de Duíno: «Estar aqui é magnífico».”
O livro está em pré-venda até dia 10 de abril e, abaixo, o Notícias de Viana deixa alguns haikus partilhados pelo Pe. Joaquim Félix de Carvalho.
313
esculturas inigualáveis
a temperatura das pedras
o canto dos pássaros
316
o regresso
é um caminho outro
fora do invés
330
talvez
o espelho do mundo
seja um forno de grés
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