Quase mais dez anos depois da última paralisação, os trabalhadores da DS Smith, em Viana do Castelo, iniciaram uma greve no sábado, que se prolongou até às 24 horas de terça-feira, por aumentos salariais.
A greve resulta, segundo o coordenador da Comissão de Trabalhadores e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE Norte) de “muita saturação acumulada ao longo dos últimos anos” e da “ausência do acordo de empresa para 2024”. José Flores referiu que o que está em causa é “um aumento do salário em 4,3%, no mínimo de 150 euros, e um aumento de 4,3% nas cláusulas pecuniárias, que incluem subsídio de alimentação, prevenção e prémio de risco, entre outras”. “Estamos a reivindicar os nossos direitos, especificamente, o aumento justo dos nossos ordenados”, disse um trabalhador, contando que, nos últimos 20 anos, lutam pela sua carreira. “Há mais de dois anos que falam que voltaríamos a ter uma carreira, mas ela não aparece”, lamentou, acrescentando que “a maioria dos trabalhadores sente-se injustiçada”. “Não sentimos apoio das nossas chefias. Nas avaliações, não sentimos que somos valorizados como merecemos”, confidenciou, referindo que a oferta, apresentada pela empresa, “é mais baixa” do que aquilo que propõem. “Este processo está a decorrer há mais de quatro meses. O que pedimos é justo. Não queremos entrar em confrontos. Queremos ser ouvidos”, frisou, considerando “desnecessário” terem chamado a polícia de intervenção. “Chamar um carro-patrulha da GNR para ver e identificar os piquetes de greve, tudo bem, mas vir uma carrinha com um corpo de intervenção, é para intimidar os trabalhadores”, atirou.
Um outro trabalhador reforçou que a valorização do salário é “muito limitada”, considerando que “há uma grande discrepância” com os cargos de chefia. “Muitas vezes, é-nos pedido mais do que aquilo que devíamos fazer e, nas avaliações, não nos agradecem”, lamentou, defendendo que o que pedem “é justo”.
José Flores explicou que “a negociação do acordo de empresa para 2024 começou no dia 19 de fevereiro”. Já a segunda reunião foi no início de abril, mas “sem resultados”. “A empresa está a levar muito a sério estas negociações”, sublinhou, referindo que “a empresa há mais de 20 anos que está a tirar 65% do prémio de produção que devia pagar aos trabalhadores”, questão que vai ser dirimida em tribunal.
O responsável disse ainda que “a empresa não está a pagar, em dias de feriado, as horas de prevenção aos trabalhadores”.
À comunicação social, a administração da DS Smith garantiu que a situação na fábrica está calma e que a GNR está no local apenas para evitar distúrbios e garantir a entrada dos trabalhadores de empresas externas”.
Em comunicado, a empresa lamentou que os seus “colaboradores tenham optado por uma ação coletiva, especialmente tendo em conta as conversações positivas” que têm sido desenvolvidas. “Gostaríamos de sublinhar que a proposta salarial que apresentámos é muito generosa. Tal como a do ano passado, esta proposta oferece um aumento superior à inflação, num contexto de condições de mercado desafiantes”, sustenta a nota.
A DS Smith garantiu ainda que vai “continuar empenhada em encontrar uma solução que apoie os colaboradores e a empresa”.
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