Viana apresenta programa “Coração do Natal” com um mês de iniciativas. AD vota contra alterações ao trânsito por prejudicarem comércio e moradores

A Câmara Municipal de Viana do Castelo apresentou o programa “Viana Coração do Natal” 2025, que coloca o centro histórico no centro das celebrações entre 5 de dezembro e 5 de janeiro. Para acomodar as iniciativas do evento, foram propostas alterações ao trânsito na cidade, mas, na reunião do executivo, os vereadores do PSD (eleitos pela Aliança Democrática) votaram contra, criticando o encerramento quase permanente da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, que “prejudica comerciantes, moradores e a circulação na cidade”.

Micaela Barbosa
25 Nov. 2025 4 mins

O programa mantém o modelo dos últimos anos, distribuindo animação por várias praças e ruas da cidade. Além do Mercado de Natal, a edição de 2025 inclui novamente a Praça Natal, o minicomboio, o carrossel, o Largo do Chocolate, concertos, cinema, teatro, presépios, exposições e animação diária.

Entre os destaques estão ainda o concerto de Miguel Araújo, o festival internacional Cordas Douradas, o circo de Natal, o evento gastronómico “Viana, Moscatel e Banana”, a chegada do Pai Natal, o fogo de artifício de passagem de ano no Rio Lima e o Concerto de Ano Novo pela Orquestra Filarmónica de Braga.

O vice-presidente da Câmara, Manuel Vitorino, sublinhou que o programa replica “um modelo que tem dado bons resultados”, acrescentando que o impacto económico é “semelhante ao dos anos anteriores”. O custo direto ronda os 100 mil euros, enquanto a iluminação manterá o valor de 185 mil euros.

O presidente da Associação Empresarial do Distrito de Viana do Castelo, Manuel Cunha Júnior, destacou a continuidade da parceria com o município e anunciou o concurso “Viana é Natal”, o concurso de montras e fachadas e cinco vídeos promocionais dedicados ao comércio local. “O sucesso tem sido crescente desde 2019”, disse.

Já a comandante da PSP, Maria dos Anjos Pereira, confirmou o reforço do policiamento e ações de sensibilização junto dos comerciantes. 

Na reunião de Câmara, os vereadores analisaram a proposta de alterações ao trânsito para permitir a instalação do Mercado de Natal na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, inserido na época natalícia que decorre entre 5 de dezembro de 2025 e 4 de janeiro de 2026. 

A proposta, apresentada pela vereadora da Mobilidade, Fabiola Oliveira, em colaboração com a PSP, prevê cortes de circulação em vários troços da avenida durante diferentes horários: domingos e 8 de dezembro, das 14h30 às 23h00; de segunda a quinta-feira, das 14h30 às 20h00; sextas e sábados, das 11h30 às 23h00; e nos dias 24, 25 e 31 de dezembro e 1 de janeiro, das 17h30 às 02h00.

O trânsito ficará proibido nos seguintes troços da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra: entre a Avenida Conde da Carreira e a Rua General Luís do Rego, no sentido norte-sul para pesados; entre a Rua General Luís do Rego e a Rua Manuel Espregueira; e entre a Praça do Eixo Atlântico e a Rua Grande, no sentido sul-norte. Todas as vias que confluem para estes arruamentos estarão condicionadas ao trânsito durante o período do evento ou até ordem em contrário das forças de segurança competentes. Estão excluídos destes condicionamentos os moradores com cartão de residentes devidamente identificados.

Na declaração de voto, o vereador da AD, Duarte Martins, afirmou que a proposta “não cumpriu o processo participativo prometido” e que o local escolhido “é um erro”. “Não houve auscultação alargada. O mercado está no pior local possível e prejudica o comércio, quando existem alternativas muito mais sensatas, como a Praça da República, S. Domingos ou a Praça 1.º de Maio”, apontou, acrescentando que o encerramento prolongado da avenida cria “um distúrbio profundo na mobilidade” e não beneficia quem quer defender: os comerciantes.

O Chega, representado por José Belo, votou favoravelmente, mas deixou críticas semelhantes às da AD quanto à localização. “Não sei quem teve aquela ideia. Não tem lógica ocupar uma via estruturante durante tantos dias. Mas, decidido o local, o corte é inevitável. Não há alternativa”, referiu, defendendo que Viana deveria recuperar outras zonas, como a Praça 1.º de Maio, para eventos deste tipo.

Em resposta, o vereador  Manuel Vitorino explicou que a localização foi escolhida “com base na centralidade e na capacidade de atração do espaço”, não por conveniência. “O mercado está onde está porque ali existe um ponto de forte afluência. E 90% do trânsito que passa na avenida é apenas de passagem, não de consumo no comércio local”, argumentou.

O presidente da Câmara, Luís Nobre, reforçou o argumento, sublinhando que o executivo pretende “experimentar novas soluções” e que o local foi escolhido para “minimizar perturbações”, referindo que no troço existe apenas um morador, “para o qual foi encontrada solução”. “Não podemos ficar agarrados ao passado. Temos de testar novas experiências. Nunca haverá uma solução que agrade a todos, mas esta foi pensada para mitigar problemas e criar novas oportunidades no centro histórico”, sublinhou.

 

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