Hoje como ontem, recordo que estamos num mês dedicado ao rosário e pergunto-me se ainda nos atrevemos a manusear rezando as contas do rosário como quem entrega rosas e as dedica à Senhora do rosário… Ou se apenas ficou o suave perfume das rosas como lembrança distante, num tempo esquecido algures nos meandros da História…
Se tal lembrança ajudar a fazer memória do que vale a pena e do que tem sentido por fazer a diferença, então a vida pode ver-se transformada, e através de gestos ir manifestando o que no seu reverso vai acontecendo!
Por outro lado, torna-se importante dizer que este é o mês missionário por excelência, acompanhado pelo desejo de se continuar a caminhar, ainda que passo a passo, como peregrinos portadores de esperança para o mundo, para todas as pessoas sedentas de palavras e especialmente de gestos concretos capazes de suavizar vulnerabilidades que abundam mesmo ao nosso lado. Ser portadores de esperança para tantos deslocados, para tantos que vivem em saída permanente, deixando para trás vida, sonhos e projetos, segurança e âncora, família e amigos, partindo ao encontro do desconhecido, incerto, duvidoso, mas sempre com a promessa que será melhor e abrirá a possibilidade de começar de novo ou recomeçar…
Hoje ser “discípulo missionário” parece ser lugar comum, contudo pode ficar vazio de significado se na vida concreta não encontrar a sua expressão viva. Esquecer que hospitalidade e hostilidade, em vez de jogo de palavras, pode ser a barreira ténue e marcar a diferença sempre que se acolhe quem é diferente e traz a sua riqueza, diferente da nossa, e que por isso capaz de partilhar, acolher e ser hospitaleiro… Quantas lições para aprender com quem chega!
Costuma dizer-se que a memória nos atraiçoa… esquecer que também somos um povo que viveu (e vive) em saída desde tempos imemoriais, pode fazer esquecer dificuldades experimentadas ou experienciadas, se preferirmos. Sentir-se desenraizado, sem chão, isolado, com necessidade de inculturação, mas sem ter quem ajude a dar os primeiros passos na nova cultura… Se calhar podia ajudar fazer a experiência de sair da zona de conforto, uma experiência missionária por mais pequena que seja… Se calhar!
“…sintamo-nos nós também inspirados a pormo-nos a caminho, seguindo os passos do Senhor Jesus, para nos tornarmos, com Ele e n’Ele, sinais e mensageiros de esperança para todos, em qualquer lugar e circunstância que Deus nos concede viver. Que cada um dos batizados, discípulos-missionários de Cristo, faça brilhar a Sua esperança em todos os cantos da terra!”[1]
[1] Papa Francisco, MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O XCIX DIA MUNDIAL DAS MISSÕES 2025 19 de outubro de 2025, 25 de janeiro2025, São João de Latrão, 1
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