As mil vagas disponíveis para o desfile da mordomia, que decorrerá no dia 14 de agosto, a propósito da Romaria de Nossa Senhora d’Agonia, esgotaram em 2 dias, 20h e 10 minutos. A informação foi avançada pelo vereador e presidente da VianaFestas, em reunião do Executivo municipal de Viana do Castelo, após os vereadores da oposição manifestarem “preocupação” com a polémica gerada, sobretudo nas redes sociais.
Em causa está uma publicação nas redes sociais que acusa a organização de falta de transparência e de não estabelecer critérios claros para a atribuição das vagas, o que terá deixado dezenas de vianenses de fora do desfile da mordomia. “As inscrições para o desfile da Mordomia decorreu, segundo comunicado dessa instituição, do dia 16 ao dia 30 de Junho. Não existia qualquer indicação sobre o processo de inscrição. Tentei inscrever a minha filha que há mais de 15 anos entra nesse desfile, no dia 17 e as 1.000 vagas já estavam preenchidas”, lê-se.
A publicação foi amplamente partilhada e comentada por várias pessoas que manifestaram o seu desagrado por não terem conseguido inscrever-se, e, alguns dias depois, surgiu uma nova publicação incentivando a realização de “um desfile paralelo” para mostrar “que a festa da Senhora d’ Agonia é uma festa dos vianenses em primeiro lugar e que apareçam pessoas de todos os concelhos, de todos os países e de todos os continentes para assistir”.
Face à polémica, que também se fez sentir fora das redes sociais, o tema foi abordado na reunião do Executivo municipal, tanto no período antes da ordem de trabalhos, pelos vereadores da oposição, quanto por duas mordomas no período do público. “É triste ver tantas pessoas, jovens e famílias, excluídas desta festa que é nossa. Pedimos que a Câmara reveja a situação e considere abrir novas vagas, para que ninguém fique de fora por falta de informação ou de critérios claros,” afirmou uma das mordomas. “A Romaria d’Agonia deve continuar a ser um momento de união para Viana, e não motivo de divisão. Exigimos mais transparência e justiça no processo de inscrição”, acrescentou a outra.
Em resposta, o vereador e presidente da associação responsável pela organização da Romaria de Nossa Senhora d’Agonia, Manuel Vitorino, aponta que “muitas das afirmações não correspondem à verdade, e que colocam em risco a credibilidade dos responsáveis pela organização”. “A organização fixou um limite de 1.000 figurantes para o desfile, baseado na estrutura disponível e nos espaços que podem ser usados. Esse limite existe para garantir a segurança e o bom andamento do evento”, explicou, referindo que “a procura foi tão grande que, em 2 dias, 20 horas e 10 minutos, as mil vagas foram preenchidas”. “O processo de inscrição foi transparente, gerido por uma empresa especializada (Hovo, agência de comunicação) e dentro do prazo divulgado”, assegurou.
Em relação às acusações de manipulação das inscrições, Manuel Vitorino sublinhou que “houve uma triagem rigorosa feita por uma comissão especializada que avaliou cada inscrição, para garantir que os candidatos cumpriam os requisitos”. “Dos mil inscritos, 784 são do distrito de Viana do Castelo, 138 de outros distritos do país, e 78 estrangeiros, vindos de França, Brasil, Luxemburgo, Estados Unidos da América do Norte, Alemanha, Reino Unido, Ucrânia e Andorra”, especificou.
O vereador acrescentou que “é falso que pessoas do bairro da Ribeira tenham sido impedidas de se inscrever”, refutando, ainda, as alegações da existência de uma fábrica de trajes regionais de Viana, em Lisboa, que ocupou grande parte das vagas. “É falso”, garantiu.
O vereador reforçou que a Romaria d’Agonia é um evento aberto a todos, portugueses e estrangeiros, desde que respeitem as tradições locais. “A existência do limite é fundamental para garantir a organização e a qualidade do desfile. Sem ele, não há planeamento possível, e tudo se torna caótico”, argumentou.
Sobre o processo de inscrições, esclareceu ainda que 32 candidatas foram excluídas por não cumprirem os critérios estabelecidos, sendo que essas vagas foram reabertas em julho para novas inscrições.
Por fim, Manuel Vitorino afirmou que “a Romaria é feita por todos aqueles que amam Viana e as suas tradições, independentemente da sua origem, desde que haja respeito e dedicação ao traje e à cultura local”.
Fotografia: Romaria d’Agonia
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