Entre os dias 31 de agosto e 8 de setembro, milhares de peregrinos participaram na Romaria da Nossa Senhora da Peneda, em Arcos de Valdevez. D. João Lavrador presidiu à celebração da Eucaristia em honra de Nossa Senhora da Peneda e à Procissão e afirmou que a Palavra de Deus continua
“No meio das dificuldades, dos problemas e das ideias confusas… no meio da agitação e da ambiguidade da história, permanece um coração grande. Um coração capaz de esperança”, salientou o Bispo diocesano, recordando que “a missão da Igreja é acompanhar, consolar e caminhar com o povo, especialmente os mais frágeis e esquecidos”.
D. João Lavrador alertou para os sinais de desgaste nas estruturas sociais, culturais e espirituais, defendendo a necessidade de reconstruir uma sociedade com “verdade, humildade e solidariedade”. “A verdade sustenta o tempo e dá sentido à vida comum. Só com verdade, humildade e solidariedade podemos construir um futuro com esperança”, declarou, recordando que essa tarefa pertence a todos os batizados.
O prelado reforçou ainda que a Palavra de Deus não é uma mensagem do passado, mas uma interpelação “viva, atual e pessoal”, dirigida a cada fiel. “A Palavra de Deus é viva porque fala hoje, e fala para ti. A ti que duvidas, a ti que te sentes pequeno, a ti que procuras sentido para a tua vida”, referiu.
Segundo D. João Lavrador, é no acolhimento desta Palavra que começa o verdadeiro caminho de conversão e de renovação pessoal e comunitária. “A Igreja precisa de comunidades capazes de escutar, de discernir e de agir segundo o Evangelho, mesmo em tempos adversos”, defendeu.
Por fim, destacou a importância da figura de Maria e o seu testemunho para a vida da Igreja. “Maria é modelo da Igreja. Mãe, discípula e missionária. Foi Ela quem acolheu a Palavra, confiou nela e a ofereceu ao mundo. Como Maria, também a Igreja é chamada a ser fermento de bem, presença de ternura, casa que acolhe e envia”, concluiu.
O reitor do Santuário, Pe. César Maciel, fez um balanço “extremamente positivo” das festividades deste ano, destacando o crescimento da participação ao longo dos nove dias da novena. “Tivemos mais pessoas durante todos os dias, com celebrações muito participadas. E muita gente no dia 6, o mais popular da romaria, com as concertinas”, referiu, sublinhando o potencial do Santuário como espaço de retiro espiritual. “Quem vem, volta. Este lugar extraordinário permite às pessoas aprofundar as várias dimensões humanas e espirituais. Se tivermos melhores condições de acolhimento, estou convencido de que virão ainda mais”, acrescentou.
O Santuário da Peneda está atualmente em obras de requalificação e a primeira fase, que incluiu a reorganização dos arruamentos e ampliação da zona de estacionamento, já foi concluída. No entanto, segundo o reitor, “falta quase tudo”. “Agora será intervencionado o Escadório das Virtudes, o interior e exterior do santuário, o adro, os novos apoios sanitários, o queimador de velas… todo o espaço envolvente a norte ficará totalmente recuperado no final desta obra”, explicou.
O projeto está a ser financiado em 80% por fundos comunitários do Norte 2030, com apoio da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez. “É importante que as pessoas olhem para isto e, dentro das suas possibilidades, colaborem. Este é o maior Santuário da nossa Diocese e precisa de ser olhado de forma diferente”, apelou.
Apesar do crescente reconhecimento, o Pe. César Maciel admitiu que ainda há muito a fazer para promover o Santuário da Peneda dentro da própria Diocese. “Têm vindo grupos de paróquias e recintos pastorais, mas é inaceitável que o Santuário seja mais conhecido em Vigo do que no Porto, ou que venha mais gente de Orense do que da cidade de Viana. Alguma coisa tem que acontecer”, disse, defendendo: “É preciso que as paróquias se organizem para virem cá. Este Santuário precisa de ser vivido como centro espiritual de referência da nossa Diocese”.
Integrado no Ano Jubilar, o Santuário tem acolhido peregrinações e grupos pastorais até ao próximo dia 5 de outubro, data que marcará a última celebração pública antes do encerramento temporário para a realização das obras no interior do templo.
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