Pobreza afeta 18% da população na região norte. Alto Minho enfrenta envelhecimento e baixa qualificação

A taxa de pobreza na região Norte ronda os 18%, segundo dados apresentados no âmbito das comemorações dos 20 anos do Núcleo Distrital de Viana do Castelo da EAPN Portugal. O estudo, promovido pelo Observatório Nacional de Luta contra a Pobreza, traça um retrato social marcado pela exclusão, envelhecimento da população e fraca qualificação académica.

Micaela Barbosa
3 Jul. 2025 2 mins
Paróquias mantêm apoio a idosos

De acordo com a análise conduzida por Ana Teixeira, em Viana do Castelo, o peso da população idosa é cada vez mais evidente. Mais de 55% das pessoas empregadas têm mais de 45 anos e “há um recuo acentuado” da população jovem. 

Em 2023, a população residente no distrito totalizava 234.215 pessoas em 2023, com um crescimento de apenas 0,66% face ao ano anterior — abaixo da média nacional (+1,17%).

Apesar de avanços no acesso ao ensino superior, cerca de 40% da população tem apenas o primeiro ciclo ou nenhum nível de escolaridade completo, um fator que, segundo a investigadora, se reflete diretamente no mercado de trabalho, onde o desemprego de longa duração permanece elevado, sobretudo entre os menos qualificados.

Do ponto de vista económico, Viana do Castelo registou 32.204 empresas em 2022, um crescimento de 4,48% face ao ano anterior — abaixo dos 7,09% registados a nível nacional.

O estudo destaca ainda o crescimento da população migrante. Em 2022, havia mais de 9 mil estrangeiros com estatuto legal de residência no distrito, 40% dos quais de nacionalidade brasileira. Segundo Ana Teixeira, este crescimento “pode ser positivo se forem garantidas condições de integração e acesso a serviços”.

Na proteção social, os dados de 2023 indicam a existência de 25.268 titulares de abono de família no distrito, uma descida de 2,06% face ao ano anterior — em linha com a variação nacional (-2,17%).

No entanto, a investigadora lembrou que Portugal continua a ser dos países da União Europeia com menor impacto das transferências sociais na redução da pobreza, logo a seguir à Roménia. “Não podemos discutir pobreza sem encarar de frente a fragilidade do nosso modelo de proteção social”, afirmou, defendendo um reforço na intervenção social uma vez que “o problema está longe de estar resolvido”. 

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