O Departamento da Pastoral do Ensino Superior da Diocese de Viana do Castelo apresentou o programa para o Ano Pastoral 2025/2026, que inclui tertúlias, celebrações e, pela primeira vez, um gabinete de escuta para alunos e docentes.
O projeto visa, segundo o diretor, Pe. Renato Oliveira, reforçar a presença da Igreja junto da comunidade académica do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), propondo-se a ser um “fermento evangélico” no meio universitário. “Queremos ser fermento evangélico no seio da comunidade académica. Não nos impomos, propomos. Não é uma pastoral para dentro da Igreja, mas para o mundo académico, com o qual queremos dialogar e caminhar”, afirmou.
O plano de atividades assenta em quatro eixos: celebrações religiosas, momentos de reflexão cultural, atendimento e escuta pastoral, e ações de voluntariado. Contudo, a novidade prende-se com a criação de um espaço de escuta permanente na Escola Superior de Saúde do IPVC. “Queremos propor uma presença que escuta e acompanha”, salientou, explicando que a iniciativa quer aproximar a Igreja da comunidade académica, num “tempo exigente”, mas com “urgência de presença”. “Vamos abrir, a partir de novembro, um gabinete de escuta na Escola Superior de Saúde. Um espaço de acolhimento, onde estudantes e professores possam ser ouvidos, possam conversar, sem julgamentos”, anunciou.
O espaço estará disponível semanalmente, num horário a anunciar, e será, segundo o Pe. Renato Oliveira, “um gesto simples, mas profundamente significativo”. Para o responsável, a escuta é “um mandato essencial da Igreja” e deve estar presente “nos lugares onde os jovens vivem, estudam e procuram sentido”.
Entre as atividades previstas estão tertúlias temáticas, como a que decorrerá já a 22 de outubro, sobre Arte, Cultura e Espiritualidade, na Escola Superior de Educação, e outra, em novembro, dedicada ao amor e relações, na Escola Superior de Desporto e Lazer, em Melgaço. No plano litúrgico, mantêm-se celebrações já emblemáticas como a bênção do caloiro, a celebração de Advento, a Via Sacra universitária e a bênção das pastas. “Acreditamos que o ensino superior é um novo areópago onde a Igreja deve estar presente. E onde, muitas vezes, estudantes que não se identificam com uma paróquia podem fazer uma verdadeira experiência de encontro com Cristo”, afirmou.
Já no plano da ação social, o departamento está em diálogo com os responsáveis nacionais do projeto Missão País, com o objetivo de implementar no IPVC uma semana de voluntariado católico em comunidades locais.
Na sessão, o Bispo diocesano, D. João Lavrador, destacou o esforço do departamento para “tocar a vida concreta dos estudantes e docentes”, considerando que o trabalho desenvolvido é um sinal “de ousadia evangélica”. “Não podemos fazer este caminho sozinhos. A presença da Igreja nas academias tem de ser feita em parceria”, defendeu, acrescentando: “Estamos num tempo em que não se trata apenas de dizer o que é certo ou errado. Trata-se de escutar, de caminhar juntos, de mostrar que o Evangelho pode iluminar todas as dimensões da vida, também na universidade.”
O prelado alertou ainda para a urgência de cultivar valores sólidos num tempo de grandes transformações sociais e educativas. “Hoje fala-se muito de tolerância, mas isso é pouco. Precisamos de dar o salto para a fraternidade, como nos pede o Papa Francisco”, afirmou, concluindo: “A academia tem um papel determinante na construção da sociedade. E a Igreja tem o dever de estar aí, com uma visão humanista, dialogante, enraizada num modelo antropológico que compreende o ser humano na sua totalidade.”
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