O Mar como Futuro de Viana do Castelo

Viana do Castelo sempre viveu virada para o mar. Desde a pesca tradicional até aos grandes estaleiros navais, o Atlântico moldou a nossa identidade, a nossa economia e até a forma como nos projetamos para o mundo. Hoje, quando se fala em economia azul, não falamos apenas de barcos e peixe: falamos de ciência, de energias renováveis, de biotecnologia, de turismo sustentável e de emprego qualificado.

Portugal tem a 3.ª maior Zona Económica Exclusiva (ZEE) da União Europeia. Um verdadeiro tesouro com mais de 1,7 milhões de km². No entanto, continuamos a explorar apenas uma fração do seu potencial. O problema não é falta de mar — é excesso de burocracia, centralismo e lentidão nos processos.

Se quisermos transformar Viana do Castelo e Portugal em referências na economia azul, precisamos de uma estratégia liberal: menos barreiras, mais liberdade para empreender, e um Estado que regula com eficiência em vez de travar com papéis.

O futuro pode passar, por exemplo, pela criação de zonas de inovação azul em Viana do Castelo, onde empresas ligadas à biotecnologia marinha, às energias oceânicas ou à robótica subaquática tenham incentivos claros para investir e criar emprego.   Também não podemos esquecer a nossa tradição: apoiar a pesca artesanal, a salicultura ou o turismo costeiro sustentável é valorizar as comunidades locais e dar nova vida ao património cultural marítimo.

Outro eixo fundamental é a energia renovável do mar. Viana já tem história na construção de plataformas offshore. Com uma aposta firme em leilões transparentes e competitivos, Portugal pode tornar-se líder europeu em energia das ondas, das marés e do vento no mar. Isto não é apenas economia: é autonomia energética e combate às alterações climáticas.

Por fim, a chave de tudo é o conhecimento. Precisamos de investir mais em investigação aplicada ao mar, em literacia azul nas escolas e em centros de excelência que façam de Portugal um polo mundial de inovação marítima.

Viana do Castelo tem todas as condições para estar na linha da frente desta revolução azul. Mas isso só acontecerá se deixarmos para trás o peso da burocracia e acreditarmos na liberdade de criar, investir e inovar. O mar é a nossa maior riqueza — falta termos a coragem de o assumir como verdadeiro motor de futuro.