Iliteracia Política: Compreender para Participar

Fernando Martins
28 Mai. 2025 3 mins

Muito se escreveu acerca dos resultados das últimas eleições legislativas, e se de um lado temos indignação, do outro temos uma falsa sensação de vitória.

Tive a oportunidade de falar (e discutir) este assunto com várias pessoas de quase todo o espectro politico e… não há dúvidas que todos conhecem as habilidades para o desporto dos candidatos, o seu património e diria até o que comeram ao pequeno-almoço. A parte que me preocupa é o desconhecimento (ou desinteresse) de muitos pelas propostas de cada partido, da falta de noções básicas do método usado nas eleições legislativas (método de Hondt, círculos eleitorais, listas partidárias…) e que juram a pés juntos que o voto de cada um deles tinha ido direitinho para o Ventura, para o Montenegro e até mesmo para a Mortágua. Ora, se todos eles votaram em mesas de voto do circulo de Viana do Castelo, torna-se difícil continuar a conversa.

É inadmissível que após cinco décadas de democracia, tenhamos esta quantidade de leigos nesta matéria. Será assim tão utópico incluir conteúdos sobre política prática nos programas de ensino (de todos)?! Educação (a sério) para a cidadania precisa-se.

Estou convencido que esta será mais uma forma de combater a abstenção – quando compreendemos o processo eleitoral, a vontade (e diria até, necessidade) de participar aumenta, pois não queremos deixar o nosso futuro em mãos alheias.

Além disto, e como já devem ter reparado, com o aumento e facilidade de acesso aos meios de comunicação social, a qualidade dos conteúdos desceu drasticamente. Ao invés de resumo dos pontos fortes e importantes do dia-a-dia da campanha eleitoral, aposta-se numa cobertura de praticamente 24 horas por dia dos rostos de cada partido, sem qualquer valor acrescentado para formar e informar os eleitores. Esse tempo, distribuído pelos cabeças de lista de cada circulo, iria dar muito para pensar a muita gente.

Na minha opinião, a repetição até à exaustão das imagens da traseira de uma ambulância, dos mergulhos e jogos de voleibol de praia e até mesmo de “ataques” com pó verde, em nada contribuem para uma decisão e escolha consciente.  Esperemos que todos os intervenientes tenham aprendido a lição, pois, provavelmente mais cedo do que gostaríamos, voltaremos às urnas.

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