O candidato Gouveia e Melo escolheu o Alto Minho para dar início à sua campanha para as presidenciais de 2026. Em Viana do Castelo, o ex-coordenador da task force da vacinação criticou duramente a centralização do Estado e defendeu a descentralização de poderes e recursos, afirmando que a atual centralização excessiva em Lisboa está a atrasar o desenvolvimento do país.
“O interior está abandonado. Olhamos para a faixa costeira, onde a densidade populacional ultrapassa as 300 pessoas por km², e depois temos regiões com menos de 20 habitantes por km². Estamos a perder potencial económico e social”, afirmou o almirante durante um encontro com a imprensa local, sublinhando que “20% da população está pobre e excluída, o que significa que não está a contribuir para a economia do país”.
Para Gouveia e Melo, o modelo de desenvolvimento do país não pode continuar focado num único “centro”. “Devem existir múltiplos centros de decisão para aproximar o poder das populações. Lisboa não pode ser a única a decidir. Precisamos de uma rede de centros, com autonomia e recursos, que trabalhem coordenadamente”, defendeu.
O Alto Minho, que combina características do litoral com indicadores típicos do interior, foi apresentado pelo candidato como um exemplo claro da urgência de políticas específicas para estas regiões. Sobre a questão da regionalização, o almirante evitou a palavra, que tem “conotação negativa”, preferindo falar em “descentralização efetiva”. “Temos de descentralizar responsabilidades, mas também os recursos financeiros. Não podem ser as câmaras responsáveis pela educação, por exemplo, sem terem dinheiro para isso. O equilíbrio é fundamental, mas o atual grau de centralização está a bloquear o país”, argumentou.
Durante o encontro, Gouveia e Melo explicou a metáfora do “catavento” para ilustrar a sua postura. “Um presidente não pode ser um catavento, virando à esquerda, à direita ou atrás de interesses estrangeiros. Eu tenho ideias estruturadas e não mudo consoante o vento”, disse, rejeitando um perfil “político condicionado e volúvel” e afirmando que pretende manter uma posição “clara e consistente”.
Embora se assuma liberal na economia, o candidato alertou para os “limites” desse modelo. “Não podemos deixar que o mercado resolva tudo. Se o Estado não intervir em áreas como habitação, educação ou saúde, a população sofre. É preciso ter uma economia produtiva, mas também garantir a coesão social”, explicou.
O Almirante sublinhou ainda que a sua experiência e formação militar são “um trunfo para a democracia”. “Lealdade, integridade, espírito de sacrifício e amor à pátria são qualidades essenciais, não defeitos. A política verdadeira não é troca de favores, é a resolução dos problemas dos portugueses”, considerou.
Sobre a sua candidatura, Gouveia e Melo deixou claro que não depende de qualquer partido político. “Aceito apoios de pessoas independentes de diferentes partidos, mas não quero estar condicionado por nenhum. Quero manter a minha liberdade de julgamento e ação, porque é isso que os portugueses esperam do Presidente da República”, referiu.
Ao mesmo tempo, o candidato destacou o carinho e o apoio que tem sentido da população desde o início da campanha. “Sinto muito carinho das pessoas, e o apoio delas tem sido fundamental desde o primeiro momento. O feedback que recebo é muito positivo, as pessoas valorizam uma candidatura independente, que não está condicionada por partidos. O que conta para elas é a personalidade, a integridade, e não só o perfil político”, afirmou.
Gouveia e Melo realçou ainda a importância de manter uma postura de alguém que quer trabalhar para resolver os problemas reais dos portugueses. “Quero ser um presidente próximo das pessoas, que luta pela coesão do país e pela liberdade de todos”, acrescentou.
O mandatário nacional da candidatura, Rui Rio, reforçou esta visão de independência e compromisso com o país. “O Almirante Gouveia e Melo representa uma nova forma de estar na política, focada no interesse nacional e longe das lógicas partidárias”, afirmou.
Já o reeleito presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre, destacou a importância simbólica e prática da escolha do Alto Minho para o arranque da campanha. “A região é um espelho das questões nacionais, com um enorme potencial por explorar. O apoio à candidatura do Almirante é um compromisso com o futuro do nosso país”, referiu.
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