Até 2025, de acordo com a lei, será criado um Centro de Dia na freguesia de Montaria, em Viana do Castelo, que ficará sob responsabilidade do Centro Paroquial e Social de Lanheses. O projeto decorre no âmbito da resposta social à terceira idade nas freguesias de montanha do concelho, e conta com o apoio da Câmara Municipal em parceria com a Junta de Freguesia local, do Centro Social e Paroquial de Lanheses e da Segurança Social.
De acordo com a proposta recentemente aprovada em reunião do Executivo municipal, o Centro de Dia terá uma capacidade para acolher 30 utentes, a ser gerido pelo Centro Paroquial e Social de Lanheses, uma vez que esta Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) já acompanha várias famílias nesta área de residência, através do Serviço de Apoio Domiciliário (SAD). “As instalações escolhidas para o funcionamento desta resposta social vão ser alvo de uma reformulação total, uma vez que é necessário que obedeçam a critérios e a condições muito específicas estipuladas pelo Instituto de Segurança Social e pela Autoridade Nacional da Proteção Civil, sendo que a autarquia vai apoiar a criação deste projeto através de apoio financeiro atribuído ao Centro Paroquial e Social de Lanheses”, explicou, em comunicado, a autarquia.
Vasco Araújo é diretor técnico, desde 2017, do Centro Paroquial e Social de Lanheses, que tem como missão “materializar as suas respostas sociais”, fazendo e dando o seu melhor, consoante as próprias condições. Desde essa altura, “mudou muita coisa”, desde “a abrangência” e “a melhoria” naquilo que são as suas respostas sociais. “Tirando a creche, não tínhamos muitos utentes. Aliás, tínhamos muito poucos”, afirmou, assegurando que, atualmente, está “praticamente no limite de capacidade ao nível das respostas”, exceto no SAD. “Somos, talvez, a nível distrital, o Centro Paroquial e Social com maior capacidade instalada no SAD”, salientou, revelando que têm “73 potenciais vagas” que, para a região onde se insere, “é significativo”. “Hoje, temos cerca de 45 utentes que recebem este apoio, mas, no futuro, isso irá crescer”, assumiu, justificando: “Com a abertura do Centro de Dia em Montaria, prevê-se que haja uma certa complementaridade com o SAD, nomeadamente com a deslocação de uma carrinha que possa materializar serviços naquela zona limite a Montaria. E, eventualmente, dar uma cobertura em Amonde, e outras freguesias que pertencem ao concelho de Caminha, como Orbacém e Gondar.”
Segundo conta o responsável, a ideia de materializar um Centro de Dia na freguesia de Montaria, já tinha surgido, mas, “a verdade, é que nunca aconteceu”. “Por força da nossa intervenção neste território, começámos a receber muitas solicitações naquela zona, nomeadamente, Vilar de Murteda, Montaria e Nogueira. E, embora tivéssemos uma capacidade instalada e tipificada, a estrutura ao nível dos meios de transportes e etc., que nos permitisse chegar lá, não era suficiente”, explicou, confidenciando que “várias diligências foram efetuadas com a Junta de Freguesia, para que essa necessidade fosse finalmente transformada numa realidade, mais concretamente, na freguesia de Montaria”. “A partir do momento em que tivemos alguma robustez, contactámos a Câmara Municipal e a Segurança Social”, contou.
Este projeto vai implicar ao Centro Paroquial e Social de Lanheses atuar num outro local, porque “terá uma nova resposta descentralizada”. “Uma outra coisa que estamos a acautelar é que a confeção de refeições e o tratamento de roupas sejam centralizados cá em baixo, de modo a não aumentar as estrutura de custo lá em cima, porque fazer uma cozinha e uma lavandaria custa muito dinheiro”, adiantou, sublinhando a importância da sustentabilidade. “Acreditamos que o projeto vai ser sustentável e, para isso, contamos com um protocolo de cooperação com a Segurança Social”, referiu, reconhecendo a dinâmica de transporte, recursos humanos e etc., que implicará. “Também sabemos que vai implicar a aquisição de uma nova carrinha equipada e, por isso, já nos antecipámos e candidatámo-nos a um apoio, para fazer a ponte entre a nossa estrutura central e a estrutura deslocalizada”, acrescentou.
Na população, para Vasco Araújo, não há dúvidas que o impacto será “extraordinário”, porque alguns dos utentes do Centro Paroquial e Social vêm diariamente da freguesia de Montaria. “Se, para nós, seria uma viagem desagradável devido à distância, para pessoas que têm mais idade e dificuldades torna-se mais pesado”, disse, confidenciando que algumas dessas pessoas estão “ansiosas” pelo Centro de Dia, “porque estarão mais perto de casa”.
Atualmente, o Centro Paroquial e Social de Lanheses tem 30 utentes no Lar, 41 crianças na Creche, 25 utentes no Centro de Dia, e cerca de 45 no SAD. E, para além do Centro de Dia, na freguesia de Montaria, também vai explorar a Creche que será criada em Deocriste.
Para “valorizar a sua imagem”, aproximando e criando sinergias com outras instituições, a IPSS tem desenvolvido alguns projetos. Um dos exemplos é o “VianaVRSénior”, um projeto que tem como objetivo “a implementação de atividades metodologicamente estruturadas, com recurso a óculos de realidade virtual imersiva, dirigido a pessoas idosas, institucionalizadas e não institucionalizadas”. “Estamos a trabalhar com sinergias de mais de duas dezenas de instituições do distrito, e o resultado tem sido extraordinário”, garantiu.
Outro projeto que promove é o Boot Camp, uma iniciativa que reúne vários técnicos de IPSS durante dois dias. Este ano, irá realizar-se em outubro, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. “Ninguém fica sem resposta”, assegurou, exemplificando que há um utente, no lar, que paga uma quantia “simbólica” de cinco euros.
Vasco Araújo admitiu, ainda, que “não é muito fácil” dar resposta a todas as necessidades, garantindo que fazem “o melhor”. “Temos muita procura para o lar. Se tivéssemos mais 30/40 ou mais camas, estariam preenchidas”, disse, frisando que têm uma lista de espera “muito grande” no lar, e outra “grandinha” na creche. “Temos vários desafios. Um deles prende-se com a sustentabilidade e a questão económica. É extremamente importante, mas, depois, temos outras, como na Estrutura Residencial (ER) porque não temos estrutura para todas as solicitações, e no SAD, pela cronologia que temos, não é fácil encaixar novos utentes”, enumerou, referindo que a equipa do SAD “está a rebentar pelas costuras”. “O que tentamos fazer é aproveitar as oportunidades que nos surgem, trabalhando o melhor possível junto dos nossos fornecedores e outras instituições, e com as comparticipações da Segurança Social e projetos”, especificou.
Ao nível de recursos humanos, o Centro Paroquial e Social conta com 45 pessoas, equipa que, de acordo com o diretor técnico, poderá “aumentar significativamente”. “Somos uma IPSS que vive, e viverá, dependendo do trabalho que queremos fazer aqui”, considerou, reforçando: “Somos uma instituição cada vez mais aberta, e gostamos e queremos muito trabalhar com outras instituições.”
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