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Do álcool aos ecrãs: como Ponte da Barca respondeu às dependências

Nascida em 2008, a equipa PLA-CAD tornou-se referência nacional no apoio a famílias e jovens, conciliando prevenção, tratamento e reinserção social.

Micaela Barbosa
6 Out. 2025 5 mins

Há quinze anos, quando a Equipa PLA-CAD nasceu em Ponte da Barca, a palavra “rede” ainda era mais promessa que prática. Hoje, esta estrutura pioneira no país, composta por enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, professores e técnicos locais, já acompanhou mais de 800 pessoas com problemas ligados ao álcool e a outros comportamentos aditivos. E, no coração da montanha minhota, continua a provar que políticas públicas podem ganhar corpo e rosto quando se aproximam das comunidades.

Criada em 2008, a equipa surgiu da necessidade de responder a um diagnóstico inquietante: quase 40% dos adolescentes entre os 12 e os 16 anos já tinham experimentado álcool antes dos 13, e 60% eram consumidores habituais. Os números traduziam não apenas estatísticas, mas histórias concretas de jovens, famílias e idosos.

A resposta organizada em rede, envolvendo saúde, Segurança Social, autarquia, escolas e instituições locais e distritais, tornou-se, assim, inevitável e ganhou corpo através da Equipa PLA-CAD, atualmente coordenada pela enfermeira Alexandrina Rodrigues, após mais de uma década de liderança da enfermeira Odete Alves, com o apoio do enfermeiro Ricardo Ribeiro, um dos elementos fundadores.

Vidas transformadas

O caso de um dos utentes é ilustrativo. Aos 45 anos, depois de anos de consumo iniciado na adolescência “por más companhias”, vive, hoje, em abstinência desde 2021. Tornou-se cuidador da mãe de 81 anos, com quem partilha uma casa renovada pela intervenção da equipa. “Mudou muito, sim. Agora a casa está mais confortável, já não entra vento como antes”, relata, agradecendo não apenas o telhado novo, mas o acompanhamento clínico e social que lhe devolveu dignidade.

Já um outro utente, de 22 anos, está a ser acompanhado desde os 18, após um familiar ter sinalizado a situação. De acordo com os técnicos, o percurso “ainda não é fácil”. Tem um quadro depressivo e histórico de consumo ilícito de álcool e drogas em contextos noturnos, e recebe apoio psicológico, social e médico.

Entre o álcool e os ecrãs

Ao longo destes 15 anos, o fenómeno do consumo também mudou. Se o álcool continua a ser central, enraizado em tradições rurais, mitos de que “dá força” e baixa literacia, novas dependências sem substância começaram a surgir. “Estamos a ter cada vez mais casos de jovens sinalizados pelo uso problemático de ecrãs, internet e jogo patológico”, alerta a equipa, que vê nesta tendência um desafio crescente.

A resposta da equipa vai muito

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