Ciclo de Órgão chega a cinco concelhos e estreia Dia Jubilar da Música em Viana do Castelo

A Diocese de Viana do Castelo apresentou, na Igreja da Misericórdia, a 5.ª edição do Ciclo de Órgãos, que decorre entre 10 de outubro e 30 de novembro em cinco concelhos do Alto Minho: Viana do Castelo, Caminha, Paredes de Coura, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca. Com dez concertos, uma conferência e, pela primeira vez, um Dia Jubilar da Música, a iniciativa quer valorizar o órgão de tubos como expressão artística, património religioso e motor de envolvimento comunitário.

Micaela Barbosa
26 Set. 2025 4 mins

Organizado pelo Secretariado Diocesano de Liturgia, o ciclo parte de uma visão pastoral e cultural: dar vida a um património muitas vezes silencioso, incentivar a formação de músicos e envolver as comunidades na redescoberta dos órgãos históricos das suas igrejas. “Estes instrumentos falam. Falam com a sua beleza, com os sons que transportam séculos de história. Mas para nos falarem, precisam de ser cuidados, recuperados e ouvidos”, afirmou o Pe. Tiago Rodrigues, diretor do secretariado, durante a apresentação.

O responsável adiantou ainda a intenção de organizar o Dia Jubilar da Música, “um momento especial que envolva todas as bandas filarmónicas, escolas e grupos musicais do concelho”.

Para o diretor artístico, Daniel Sousa, o Ciclo de Órgãos é “muito mais do que música”. “Quando este ciclo nasceu, em 2021, foi com o propósito de dar a conhecer o órgão de tubos que esta região possui e revelar a sua riqueza artística. Ao mesmo tempo, quisemos abrir horizontes e aproximar diferentes públicos de um instrumento que é muito mais do que liturgia. É memória, é beleza, é comunidade”, afirmou, sublinhando: “É uma oportunidade de redescobrir espaços sagrados, valorizar o património e criar experiências partilhadas entre gerações. Este ciclo mostra que o órgão não é só tradição, como também é atualidade.”

Nesta quinta edição, cada concerto terá um título educativo, funcionando como “fio condutor para a compreensão do repertório e das particularidades do instrumento em cada local”. “Os concertos incluem peças a solo, em diálogo com outros instrumentos, formações corais e orquestrais, mostrando a versatilidade expressiva do órgão”, explicou, acrescentando: “Mais do que uma sucessão de concertos, este ciclo é um evento cultural e comunitário. É um espaço de encontro entre gerações, melómanos, estudantes, turistas e curiosos, onde todos estão sentados lado a lado para viverem uma experiência única e partilhada.”

Já o Bispo diocesano, D. João Lavrador, reforçou a importância da música como forma de evangelização e preservação da memória coletiva. “Somos herdeiros de um património riquíssimo, que não pode ser ignorado ou esquecido. A música, em particular a música litúrgica e o órgão, fazem parte da alma das nossas comunidades. Cabe-nos preservá-lo, vivê-lo e transmiti-lo com dignidade e entusiasmo”, afirmou, sublinhando a necessidade de formar organistas e de criar estruturas que garantam a continuidade desta herança. “É urgente capacitar pessoas para o serviço da música litúrgica e criar condições para que estes instrumentos históricos possam voltar a ter vida. Só assim garantimos que este património não se torne apenas museológico”, alertou.

No dia 10 de outubro, às 21h15, a igreja da Misericórdia acolherá um concerto com o organista Filipe Veríssimo e a violinista Marina Garcia-Bousso. A 11 de outubro, às 21h015, a Igreja do Espírito Santo, em Paredes de Coura, receberá João Santos.

Já no dia 18 de outubro, às 21h15, a igreja paroquial da Areosa acolherá um concerto com Davide Barros, Daniel Sousa e Laetare Ensemble. A 25 de outubro, também às 21h15, a igreja de Serreleis será palco de um concerto com Gregório Gomes e Ruben Castro. A 7 de novembro, às 21h15, a igreja paroquial de Vila Nova de Muía, em Ponte da Barca, receberá Rui Soares  e Fabiana Monteiro.

O Ciclo de Órgão conta ainda com uma conferência, no dia 22 de novembro, às 11h00, no Santuário de Nossa Senhora d’ Agonia, com o organista e investigador João Vaz, que abordará a história do órgão de tubos e o seu papel nas igrejas portuguesas ao longo dos séculos, sublinhando a necessidade da sua valorização e preservação. E, no dia 23, realiza-se o Dia Jubilar da Música. “Queremos que este dia se torne um símbolo anual, um momento de afirmação cultural e religiosa da música, vivido por toda a comunidade”, referiu Daniel Sousa.

No dia 30 de novembro, pelas 15h30, a Sé de Viana do Castelo recebe o último concerto que contará com Daniel Sousa e Ensemble de trompetes da Universidade de Aveiro.

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