Segundo o Observatório Nacional do Bullying (ObNB), entre 2020 e 2024, foram registadas 666 denúncias de casos de bullying em Portugal, das quais 661 analisadas. A maioria foi feita por mulheres (491), e apenas 170 por homens.
A média de idades das vítimas é de 13,7 anos, muito próxima da dos agressores (13,2 anos), e em 95% dos casos frequentavam o mesmo estabelecimento de ensino.
O tipo de violência mais comum é o psicológico (89,3%), seguido do social (63,8%) e do físico (53,1%). Também foram registados casos de violência sexual (10,3%) e financeira (5%).
Os recreios e pátios escolares continuam a ser os locais mais frequentes, sobretudo durante os intervalos da manhã e do almoço.
Em mais de metade dos casos (54%), o bullying ocorreu quase todos os dias, e em 21,5% das situações todos os dias.
Entre os motivos apontados pelas vítimas, destacam-se o aspeto físico (51,9%), os resultados escolares (34,9%), a idade (17,5%) e o sexo (13,8%).
As consequências são graves: 89,6% das vítimas relatam ansiedade ou nervosismo, 72,6% vergonha ou tristeza, e 44% precisaram de apoio psicológico. Em 20,9% dos casos foi necessário tratamento médico, 5,4% resultaram em hospitalização, e 13,3% envolveram risco de vida. “Os dados de 2024 mostram que o bullying em contexto escolar permanece um problema estrutural, com consequências sérias e duradouras para as vítimas”, conclui o relatório do Observatório.
No âmbito do Dia Mundial de Combate ao Bullying, a Guarda Nacional Republicana (GNR) reforçou o seu papel na prevenção da violência em contexto escolar.
Entre 13 e 20 de outubro de 2025, as Secções de Prevenção Criminal e Policiamento Comunitário (SPC) realizaram 336 ações de sensibilização, abrangendo 12.945 crianças em todo o país, números que representam um esforço crescente de proximidade com as escolas. “Tal como acontece com a saúde física, também a saúde mental exige cuidado e atenção”, lê-se no comunicado que sublinha que “promover o reconhecimento e a regulação das emoções, fomentar a capacidade de resiliência face a dificuldades e desenvolver a empatia são fatores determinantes para o bem-estar psicológico dos jovens”.
Durante o ano letivo 2024/2025, a GNR já tinha desenvolvido 1.537 ações, envolvendo 55.108 alunos de 4.604 escolas sob a sua responsabilidade. Nesse mesmo período, foram registadas 119 ocorrências, entre as quais 106 de bullying e 13 de ciberbullying.
A GNR recorda que, embora o bullying “não se encontre tipificado na legislação penal como crime”, pode incluir “ofensas à integridade física, injúrias, ameaça e coação”. “a GNR possui militares com formação especializada, que desempenham um papel essencial no acompanhamento personalizado às vítimas, encarregando-se de encaminhar as mesmas para outras instituições com competência neste âmbito”, acrescenta.
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