Dialogar e ser Fermento: O Empurrão

Pe. Manuel Moreira
6 Nov. 2025 4 mins

No escritório da Casa Paroquial, há mais empecilhos do que empurrões, no sentido que quero dar a estas linhas. Mas um dia recebi dois empurrões benévolos: um vindo por SMS, outro por uma voz bondosa, que gastou muitas das suas palavras e obras na Cáritas Diocesana e noutras andanças diocesanas. Agora, já na Casa do Pai, creio que esteja atenta à então sua, e ainda, nossa, Diocese.

Era um empurrão sobre este jornal, assim como a SMS que citei acima.

A voz bondosa incitava-me a escrever e somava as razões, lembrando-me esse empurrão bondoso, que resultou nesta croniqueta.

O termo e a ideia não são meus, mas de alguém a quem esta Diocese muito deve porque, para além de ter sido o primeiro Reitor do Seminário, e só isso bastava para o agradecimento, era um homem “preocupado” com tudo o que estava parado e queria ver em exercício. Refiro-me e D. Antonino Dias.

Estamos a viver o mês das almas e, enquanto escrevo, decorre a Semana da Diocese e dos seminários. Por isso, bem precisamos de todos os empurrões para que o fermento consiga levedar algo.

Vi nas redes sociais uma entrevista ao Reitor do Seminário Conciliar de Braga, onde estão os nossos pucos seminaristas maiores, e uma ideia ficou clara: seminário é TEMPO!

Será que encontramos tempo? Eu e alguns colegas, há anos, encontramos numa catedral do Alentejo, com mais de cinquenta mulheres, à tarde, que rezavam e cantavam à Mãe, consagravam-se a Ela e ainda tinham tempo, no fim da oração comunitária, para falar com o “Patrão” na sua capela privativa.

Inquirimos uma devota sobre o porquê da sua presença, se era habitual ou por ser feriado…

– Vimos todos os dias! É um pedido do nosso Bispo, muito presente, apesar de viver em Portalegre. Ele pede-nos isto porque precisamos de vocações, e vimos pedi-las à Mãe!

Aqui está um verdadeiro “empurrão” para as vocações!

D Antonino escreveu um dia na sua página de facebook, muito seguida, a propósito do paralítico que, há trinta e oito anos, esperava um “empurrão” para a água miraculosa, mas não encontrava quem o ajudasse. Foi Jesus quem lhe disse:

– Pega no teu leito e anda!

Desde então, Portalegre e Castelo Branco ordenou alguns presbíteros, e agora o seu timoneiro parece regressar aos ares do Norte para merecido descanso… ou talvez não!

Pode ser que, para além de tantos empurrões que D. João, o nosso Bispo, com a sua Carta Pastoral e as suas circulares nos dá tantos empurrões a coisa vá, mas empurrão maior tem que vir do Além!… Não sei, mas que ele faltava, não há dúvida.

De um empurrão se pode cair, mas também com ele muita gente se pode pôr a andar, no bom sentido! A tantos inativos desta Diocese, e a tantos que já receberam um empurrão, temos que perguntar:

– Precisam de um empurrão?

E a outros dizer:

– Bendito empurrão!

Na certeza de que estas linhas são também fruto de dois empurrões amigos, bem hajam, se isto ajudar alguém a empurrar e a deixar-se empurrar!

Fizemos, com tanto sacrifício, o Seminário de Viana, e agora apesar de ocupado, aquele edifício grita por vocações. Os padres octogenários também. As paróquias acumuladas a granel, do mesmo modo. Há capelas com gente a rezar pelas vocações, igrejas com adorações eucarísticas. E por aí não há lugares de culto à espera de um empurrão?

Os antigos, quando não chovia, sabiam cantar as ladainhas em peregrinação a capelas isoladas, mesmo com caminhos maus. Com bons caminhos e festas a esmo, coloquemos os nossos fiéis a usar as capelas e igrejas rezando pelas vocações.

É esse o empurrão que penso estar a faltar.

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