O Departamento da Pastoral Ensino Superior de Viana do Castelo promoveu uma tertúlia intitulada “Arte, cultura e espiritualidade”, com a participação do Pe. Christopher Sousa, artista plástico, padre e professor, cuja intervenção abriu um diálogo sobre a relação íntima entre a criação artística e a experiência espiritual.
Na abertura, o diretor do departamento, Pe. Renato Oliveira, destacou a importância de se criar espaços, onde “a espiritualidade e o pensamento caminham juntos”. “Com esta tertúlia, queremos promover a reflexão, a conexão com a fé ao cotidiano, ao saber e à missão de cada um”, afirmou.
Para o Pe. Christopher Sousa, “a arte é um espaço onde o espírito se pode manifestar”, explicando que o impulso criativo nasce de uma experiência interior, que pode ser desencadeada por uma música, uma imagem ou uma leitura que toca profundamente. “O artista torna-se mediador entre dois mundos: o visível e o invisível. A arte, mais do que forma ou técnica, é revelação”, afirmou.
O sacerdote sublinhou que “a criação artística é uma prática de transcendência”, capaz de “tornar-se um espaço de conversão, silêncio, escuta e contemplação, uma linguagem que toca onde as palavras já não chegam”. “Sou artista plástico e padre. No malabarismo que faço entre as cadeias funções que assumo, tento não viver de forma esquizofrénica, e que as várias dimensões da minha vida tenham um fio condutor e estejam relacionadas, sendo a arte uma delas”, confidenciou, acrescentando que esta procura também se manifesta no seu percurso académico e criativo, com a paciência e o abandono do discernimento interior como ingredientes essenciais na gestação da obra.
A reflexão alargou-se ao papel da arte na história e na contemporaneidade, recordando a importância da iconografia e dos símbolos religiosos na arte medieval, que transmitiam catequeses visuais. “Será possível encontrar o transcendente numa pintura que não representa Deus ou uma entidade divina de forma literal, mas que, através da cor, da textura ou da composição, nos evoca uma experiência espiritual?”, questionou.
Por fim, o Pe. Christopher Sousa reforçou que o espiritual não se confunde necessariamente com a religiosidade tradicional, mas pode manifestar-se em “experiências estéticas que emocionam e transformam”. “Hoje, museus e galerias assumem o papel de novos templos, onde se pode experimentar o sagrado”, considerou.
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