A pergunta é retórica. Certamente se cruzou com cartazes, anúncios publicitários ou até por laços cor de rosa afixados, relativos a uma campanha chamada “Outubro Rosa”. Mas sabe o que isso é? Este mês, o Chamado ao Consultório não poderia deixar escapar este assunto.
Nascido nos Estados Unidos da América, na década de 90 do século passado, o movimento “Outubro Rosa” procura sensibilizar toda a população para a importância da prevenção e diagnóstico precoce do cancro da mama e apoiar a investigação nesta área.
Segundo os estudos mais recentes, o cancro da mama é o mais prevalente em Portugal e em todo o mundo, sendo diagnosticados, no nosso país, cerca de 7000 novos casos por ano. Apesar de o associarmos sempre às mulheres, e do número de novos casos ser efetivamente maior nas mulheres, cerca de 1 em cada 100 casos são em homens.
Não havendo uma causa específica para esta doença, há alguns fatores de risco que devemos conhecer, como sendo a idade, tendo as mulheres acima dos 50 anos um maior risco, já ter tido cancro da mama numa mama, alterações genéticas herdadas, uma primeira menstruação em idade precoce, antes dos 12 anos, uma menopausa tardia, depois dos 55 anos, o excesso de peso e o consumo excessivo de álcool e de tabaco.
Quando diagnosticado e tratado precocemente, a taxa de cura do cancro da mama é superior a 90%, sendo, por isso, fundamental a realização de rastreio. Em Portugal, existe um programa de rastreio, promovido pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, que utiliza sobretudo unidades móveis, que se deslocam de 2 em 2 anos a cada concelho do país. As mulheres entre os 45 e os 74 anos, inscritas nos Centros de Saúde, são convocadas por carta, a comparecer ao rastreio, para realização de uma mamografia, de forma gratuita.
As mamografias de rastreio são, depois, objeto de leitura por uma equipa de médicos radiologistas, sendo que cada médico desconhece a classificação atribuída pelo outro. Caso existam dúvidas, é disponibilizada uma Consulta de Aferição (no Porto, Lisboa e Coimbra) para avaliação e encaminhamento “prioritário”, sempre que necessário, para unidades hospitalares de referência, que asseguram o diagnóstico e eventual tratamento.
Em suma, o diagnóstico precoce, antes do aparecimento de quaisquer sinais ou sintomas, é crucial, uma vez que aumenta a probabilidade do tratamento ser mais eficaz, podendo reduzir a necessidade de serem usados tratamentos mais agressivos, e, por isso, trazendo um melhor prognóstico à doença, com diminuição da mortalidade.
Como vimos, há muitos fatores de risco que não podem ser controlados. Mas podemos procurar ter um estilo de vida mais saudável, tendo cuidados com a alimentação e praticando exercício físico regularmente, e aderindo aos programas de rastreio. Se fizer a sua parte, já faz uma grande parte.
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