Competitividade municipal: Alto Minho divide-se entre desempenhos moderados e fragilidades

O Instituto Mais Liberdade divulgou o Ranking de Competitividade Municipal 2025, um estudo que avalia 186 concelhos portugueses com mais de dez mil habitantes, a partir de dezenas de indicadores organizados em dez dimensões, que vão dos rendimentos familiares à habitação, passando pela saúde, educação, cultura ou fiscalidade. O índice inclui ainda uma categoria adicional, intitulada “Competitividade Envolvente”, que mede a influência da proximidade geográfica a municípios mais dinâmicos.

Micaela Barbosa
3 Out. 2025 3 mins

Segundo os autores, Juliano Ventura e André Pinção Lucas, o estudo procura “fornecer informação clara e integrada que ajude decisores públicos, empresas e famílias a compreender melhor os territórios onde vivem ou investem”. “Mais do que um simples ranking, este índice deve ser entendido como um guia de leitura do território português”, sublinham.

O retrato geral confirma a concentração de competitividade nos grandes centros urbanos. Lisboa, Oeiras e Porto lideram o ranking nacional, seguidos por Coimbra e Aveiro. “A leitura da tabela evidencia um padrão claro: os primeiros lugares do ranking são maioritariamente ocupados pelos maiores municípios do país, localizados sobretudo no litoral”, refere o relatório. Em contraste, os últimos lugares são dominados por concelhos do interior e das regiões autónomas, como Moura, Valpaços ou Ponte da Barca, que enfrentam fragilidades estruturais ligadas à baixa densidade populacional, dificuldades de acessibilidade e menor dinamismo empresarial

No Alto Minho, os resultados revelam contrastes evidentes. Viana do Castelo surge como a grande exceção positiva, ocupando o 51.º lugar nacional. O concelho destaca-se em educação e saúde, beneficiando da presença de equipamentos de referência, mas apresenta resultados medianos em capital produtivo e cultura. Ainda assim, a cidade posiciona-se como o Município mais competitivo do distrito.

Já Caminha aparece mais abaixo, na 91.ª posição, refletindo um desempenho modesto. Apesar de valores aceitáveis em habitação, o concelho regista um dos piores resultados nacionais em cultura e entretenimento, sinal de uma oferta limitada.

A maioria dos outros municípios do distrito encontra-se na metade inferior da tabela. Ponte de Lima, Monção e Valença estão lado a lado, entre as posições 124 e 127, com desempenhos relativamente fracos em capital humano e serviços essenciais. No caso de Ponte de Lima, a boa performance em educação não chega para compensar fragilidades noutras áreas.

O retrato torna-se mais severo no interior. Arcos de Valdevez ocupa o 175.º lugar, figurando entre os últimos dez do país, penalizado pela falta de dinamismo produtivo e pela perda de população. Melgaço e Paredes de Coura também caem para o fundo da tabela, respetivamente no 170.º e no 169.º lugares.

A leitura gráfica do ranking, organizado por cores, reforça a desigualdade. Apenas Viana surge a verde, entre os 50 melhores, enquanto quase todos os outros concelhos do Alto Minho aparecem a vermelho, sinalizando fraca competitividade. O relatório nota que “os primeiros lugares do ranking são maioritariamente ocupados pelos maiores municípios do país, localizados sobretudo no litoral”, sublinhando a “forte correlação entre dimensão urbana, densidade económica e competitividade”.

Em contrapartida, os concelhos do interior minhoto enfrentam dificuldades estruturais. “A atratividade de um Município depende não apenas das suas condições internas, mas também da dinâmica regional em que está inserido”, defendem os autores.

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