O Conselho Estratégico da Cultura do Norte é um órgão de aconselhamento e reflexão da CCDR-Norte, instituído com o principal objetivo de avaliar a implementação dos investimentos para a Cultura do NORTE 2030.
No final de 2024 este órgão consultivo elegeu três projetos como “especialmente estruturantes e estratégicos”, para a região Norte: a “Rede de Polos Arqueológicos”, um projeto âncora, de vocação intermunicipal, para conservação e valorização de espólios e sítios arqueológicos; o “NASONI – Centro de Inovação em Conservação e Restauro”, um projeto promovido por 12 instituições e empresas da região, para criação de uma infraestrutura de capacitação pública e empresarial tendo em vista a realização de intervenções de restauro em património cultural muito relevante; e finalmente as “Rotas do Norte”.
Atempadamente ocuparei espaço de antena com os dois primeiros projetos, até porque neles integrarão estruturas e entidades públicas e privadas da região do Alto Minho, mas nesta fase, entendo por bem escrever um pouco sobre o programa “Rotas do Norte”, um programa de reabilitação e promoção de bens patrimoniais com potencial turístico, desenvolvido em parceria com a Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte.
Para percebermos a importância deste projeto/selo, poderemos referir que constituirá critério de admissibilidade de candidaturas de bens de património cultural a financiamento do NORTE 2030, a integração de bens de património cultural nalguma destas rotas, caso contrário, não poderão aceder a qualquer tipo de financiamento.
Atualmente são quase 300 os bens inscritos nalguma destas Rotas, muitos deles inseridos na região do Alto Minho. A esta circunstância não terá sido, pois, alheia, que logo no primeiro período de projetos para a cultura, através do “NORTE2030-2024-31 – Cultura – Iniciativas Âncora Regionais – Rotas do Norte”, tenham sido aprovadas 13 candidaturas, sendo quase metade da região do Alto Minho: a Igreja de Santo António, a Igreja do Convento de São Domingos, a Igreja de São Romão de Neiva e a Catedral, em Viana do Castelo, a Igreja do Convento de São Salvador de Paderne, em Melgaço e, finalmente, o Santuário de Nossa Senhora da Peneda, em Arcos de Valdevez.
Em Viana do Castelo, a Catedral integra três rotas: a Rota das Catedrais, a Rota dos Órgãos e a Rota das Talhas, Azulejos e Frescos; a Igreja de Santo António integra a Rota dos Mosteiros e Conventos e a Rota das Talhas, Azulejos e Frescos e o Convento de S. Domingos integra a Rota Mosteiros e Conventos, tal como a Igreja Paroquial do Neiva.
Já em Melgaço, a Igreja de Paderne, integra a Rota dos Mosteiros e Conventos e em Arcos de Valdevez, o Santuário de Nossa Senhora da Peneda integra a Rota dos Santuários e a Rota do Património Imaterial.
Depois de um longo deserto de praticamente 5 anos, em que a região do Alto Minho não viu um único cêntimo de financiamento para o Património, em particular no que se refere à componente de “Valorização, salvaguarda e dinamização do património cultural” do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência – atribuídos pelo Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais, do Ministério da Cultura – penso que a CCCDR Norte terá percebido, de facto, que a região do Alto Minho tinha sido uma das regiões mais injustiçadas neste domínio, pelo que esta terá sido um das principais motivações, para que a regiões fosse agora recompensada com um investimento de quase 8 milhões de euros na recuperação do seu Património Cultural.
O Alto Minho terá agora a oportunidade de recuperar algum do tempo e capital perdido ao longo dos últimos anos, num investimento, diria eu, nunca visto na região. Apesar das férias e das festas, é tempo de por as mãos à obra, porque como nos diz a sabedoria popular, “Quem em agosto ara, riqueza prepara”! Até final de 2026, teremos muito trabalho para fazer!
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