O Bloco de Esquerda (BE) apresentou, em conferência de imprensa, os seus cabeças de lista às eleições autárquicas em Viana do Castelo. Carlos Torre lidera a candidatura à Câmara Municipal, acompanhado por Ana Forte (Assembleia Municipal), Jorge Teixeira (União de Freguesias de Viana do Castelo) e Carlos Durães (Areosa).
Na abertura da sessão, Carlos Torre afirmou que o BE procurou construir uma alternativa política mais ampla, procurando entendimento com outras forças de esquerda. No entanto, “não foi possível concretizar acordos”. “Houve quem, logo à partida, dissesse que não havia razão nem interesse sequer para discutirmos um possível acordo. Outros aceitaram reunir, mas as reuniões não avançaram”, contou, confidenciando que foram feitas abordagens ao PCP e ao Livre.
A candidatura de Carlos Torre à Câmara Municipal de Viana do Castelo assenta em três pilares fundamentais: aprofundar a democracia local, colocar a dignidade das pessoas no centro da ação política e promover um desenvolvimento económico diversificado e sustentável. “Não são apenas palavras”, assegurou, defendendo que as diferenças entre esquerda e direita continuam a ter expressão nas políticas locais. “A esquerda é solidária. Não abdicamos disso, mesmo em contexto autárquico”, sublinhou.
O candidato classificou a política cultural da autarquia como “superficial” e “sem profundidade”. “A programação cultural é praticamente a mesma dos anos anteriores. Sem ousadia, sem profundidade em relação ao tema. Fica a ideia de que basta colar o rótulo e esperar que resulte”, atirou, considerando que “falta estratégia, falta competência e falta qualidade.”
Carlos Torre criticou ainda o processo que levou à construção do novo mercado municipal, que considerou ter ignorado a participação pública e o potencial cultural do espaço. “Talvez estejamos a desperdiçar a oportunidade de olharmos para um problema com profundidade e participação”, referiu, propondo a transformação do espaço numa “catedral dos produtos da terra e do mar”, com vertentes museológicas, educativas e de identidade local.
Outro tema em destaque foi a mobilidade, cuja proposta é uma rede de transportes públicos municipais com mais horários, abrangência territorial e transportes gratuitos dentro do centro histórico. “Muitos munícipes, sobretudo idosos, perderam o direito à cidade”, especificou, acrescentando: “Se quiserem visitar a cidade ao fim de semana ou à noite, têm muitas dificuldades. Não têm transporte e ficam excluídos da vida pública.”
Por fim, rejeitou as propostas de outros partidos para o estacionamento gratuito como solução de mobilidade. “São propostas demagógicas. Não resolvem o problema, antes o agravam”, criticou, defendendo transportes gratuitos articulados com parques periféricos e uma aposta forte na mobilidade suave, como ciclovias e percursos pedonais. “Não achamos que somos nós que temos as melhores ideias. Mas achamos que, se formos todos num espírito de construir soluções plurais e com acesso à informação, as decisões serão mais sólidas, mais criativas e mais justas”, concluiu.
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