As ruas

Isabel Campos
24 Jul. 2025 4 mins
Paisagem

Por razões que não interessam agora, mas que talvez ainda seja tema de uma outra crónica, logo pela manhã, bem cedo, “vivo” no princípio do século XVIII. Foi interessantíssimo descobrir que a Rua Nova de São Bento e a Rua Nova de Santana de novas não têm nada, pois já existiam há vários séculos. Quando passo pelas ruas dos Caleiros, da Videira, dos Rubins, pela Papanata ou Abelheira (não Abilheira como certa publicação digital já escreveu mais de uma vez) penso nas pessoas que lá moraram. Como terá sido a sua vida? Para a maioria, não muito fácil, certamente.

Mais interessante ainda, e bem, é o facto dessas ruas continuarem a existir no centro histórico, com cada vez mais casas recuperadas e, em alguns casos, cheias de flores plantadas em vasos periclitantementes presos na parede e nas varandas. É uma pena que nas placas toponímicas das ruas que mudaram de nome, não ter a indicação do nome anterior, isto no caso de haver placa. Basta haver uma reconstrução que a placa é tirada e não volta. Ninguém nota a sua falta? Como é que quem nos visita se orienta?

Mas falemos das ruas actuais. Na maior parte dos casos, no centro, estão limpas, mas as manchas junto dos contentores, as marcas das chicletes, as “beatas”, por exemplo, desfeiam o pavimento. Em Guimarães, há anos que foram colocados os Papa chicletes e os Ecopontas, solução seguida por outros municípios. Uma ideia para a campanha…

Também não há fiscalização para certas “pistas” que ficam junto dos contentores e que, certamente, identificariam o infractor que, sistematicamente, coloca produtos que derramam líquidos. Já que falo em fiscalizar, o que acontece com a lavagem dos passeios em frente das casas – deita-se água, detergente, em alguns casos lixívia, esfrega-se e espera-se que o transeunte não escorregue na espuma. Ninguém de direito vê?

Na Rua Martins Delgado, talvez por não ter saída, mas por onde diariamente passam centenas de pessoas que se dirigem ao Hospital e ao Centro Comercial, as ervas, ervas é um eufemismo, a vegetação atinge uma altura considerável. A rua é varrida, aspirada, mas as ervinhas continuam viçosas e os peões seguem pela rua. A Rua Dr. Tiago de Almeida, artéria vizinha da anterior, segue a mesma “tendência” – passeio, ervinha a vicejar alegremente, carros estacionados, apesar da placa de proibição de estacionamento, e o peão que procure espaço por onde circular. Será uma promessa eleitoral e vamos ter um Eden Project a ser construído nessa zona? Há tempos (e não há tempos atrás) tomei conhecimento de um grupo de voluntários que, em Dartmouth, se reúnem regularmente para cuidar das ruas (ver sugestões). Quando escrevia este texto, encontrei a notícia sobre um grupo de jovens de Monção que vai passar as férias a cuidar das margens do rio Minho (ver sugestões). Será uma solução para estas ruas e outras?

Há muitas papeleiras espalhadas pela cidade, mas não são suficientes. Todas as ruas têm de ter um recipiente destes para quem tem um papelinho na mão não ter desculpa para se livrar dele de qualquer maneira – outra ideia para a campanha… Por exemplo, a antiquíssima Rua do Espírito Santo e o seu prolongamento para a Rua do Major Xavier da Costa, antiga Rua das Correias, não tem nenhum destes receptáculos. Todos podemos ter uma missão a desempenhar quando vemos alguém mais “distraído” deitar papel, cigarro, plástico para o chão. Com o melhor dos sorrisos, avisamos: Desculpe, deixou cair qualquer coisa que lhe pode fazer falta…

 

SUGESTÕES

Ler – A rua, Miguel Torga

Cruzeiros de inverno, Mário Cláudio

Ver – Ecopontas e Papachicleteshttps://labpaisagem.pt/produtos/papachiclets/

Weed Monkeyshttps://www.facebook.com/people/The-Weed-Monkeys/61566627004858/?_rdr

       O Minho https://ominho.pt/estes-jovens-de-moncao-escolheram-passar-as-ferias-a-cuidar-das-margens-do-rio-minho/

Ouvir – podcast Serviço Público, Antena 1 (dias 21 e 22)

 

**(Escrito de acordo com a ortografia antiga)

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