Recordar… partilhar… memória e identidade!

Isabel Lemos
8 Jul. 2025 3 mins
Irmã Isabel

Hoje estava para aqui a pensar o que escrever e dei comigo a olhar para trás, recordar e fazer memória de tantas experiências que dão vida e sentido. E, como não podia deixar de ser, decidi partilhar. Afinal memória e identidade dão-se as mãos, caminham juntas e quando se perdem de vista até as questões culturais podem ser deturpadas ou, pelo menos, serem contadas de modo diferente.

E, já agora porque não partilhar uma experiência que tive a oportunidade de viver com pessoas de idade avançada, muitas das quais com mais de oitenta e bastantes a ultrapassar os noventa (diz-se depressa!), as quais foram narrando excertos das suas vidas com gratidão, alegria e entusiasmo. Que belo poder escutar partilhas ricas de vida, vividas com a plenitude possível (ainda que em construção), através das quais se sente o bom odor da gratidão, da grata memória, da vida plasmada em cada circunstância que foi configurando o que cada pessoa é no presente. Testemunho de quem sabe viver, não passando pela vida, mas deixando marcas na própria vida, na sua e na de quantos passaram pelos mesmos caminhos!

Afinal recordar e partilhar ajuda a construir memória e permite que não se perca a identidade!

Belo seria podermos ter a audácia de olhar para o passado e narrar as experiências vividas, as que ajudaram a crescer e ser pessoas mais autênticas, mas também aquelas que foram dolorosas e, então aprender, e ao aprender não repetir. A inércia ou o não ter a possibilidade de discernir o que se viveu, gera com maior facilidade a repetição, sem pensar, sem espírito crítico (que nada tem a ver com criticar tudo e todos) e permite cometer os mesmos erros, embora com nomes diferentes, porque em tempos e épocas distintas.

Alguém sem memória pode ser alguém sem identidade e se pensarmos nas nossas gentes, podemos tornar-nos povo sem memória, povo sem identidade. Bem desejava ser apenas um pensamento fugaz e que nada tivesse a ver com a nossa vida, mas parece-me (mas quem ler terá a oportunidade de pensar por si só), que perder a memória leva à perda da identidade de um povo e o povo fica à mercê de ideias “bailarinas” através das quais já o povo não baila ao som do que quer, mas da música que lhe é imposta subtilmente. Sei lá, se calhar estou a exagerar… Mas, como alguém dizia, pelo sim, pelo não vale a pena pensar um bocadinho!

Olhar para trás e recordar e ter a oportunidade de partilhar é beleza que sai ao nosso encontro em cada momento e em tantas circunstâncias de convívio e, sobretudo, de encontro.

E, para que a memória agradecida faça parte da nossa vida e não percamos a possibilidade de construirmos a nossa identidade, não esqueçamos a história e o berço com gratidão e alegria.

Neste tempo, para muitos de descanso ou mudança de atividade, procuremos uns momentos para escrever, ainda que seja apenas tomar notas, excertos da nossa história de vida, de modo especial aqueles que foram significativos e de modo apreciativo possamos dar graças pelo dom da vida e saibamos continuar a responder com generosidade no projeto de vida que abraçamos de todo coração!

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