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Joaquim Celestino Ribeiro: Para a CDU, a coerência ideológica é solução

Joaquim Celestino Ribeiro é o cabeça-de-lista da CDU pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo. Tem 52 anos, é professor e dirigente do Sindicato dos Professores do Norte.

Micaela Barbosa
12 Mai. 2025 8 mins
Estado e Nacionalizar é o refrão eleitoral da CDU

Notícias de Viana (NdV): Tendo em conta todo o processo até à queda do Governo, o que poderia a CDU ter feito para evitar eleições antecipadas?

Joaquim Celestino Ribeiro (JCR): Nada. A CDU não é culpada. Quando alguém decide que não precisa de dar explicações ao país que sejam cabais, permite que se confundam os interesses privados com os interesses públicos, e, teimosamente, arraste este processo que conduziu às eleições antecipadas, só a essa pessoa ou a esse partido podem ser assacadas as responsabilidades. A CDU fez o que tinha em mãos para fazer. Procurou fazer aprovar uma moção de censura que acabou por não passar.

 

(NdV): Recentemente, Paulo Raimundo reconheceu que a CDU tem registado uma descida eleitoral. A CDU está estagnada ideologicamente?

(JCR): Jamais. A CDU deve ser reconhecida por todos como a força que, ideologicamente, é mais coerente, mesmo que essa coerência, às vezes, não lhe tragam os votos que, realmente, fariam falta ao país. Nessa perspetiva, não é, seguramente, pela estagnação relativamente aos princípios ideológicos, porque os princípios, sendo princípios, têm de ser estáveis e têm de ser perenes. Não podem estar a mudar a cada ano que passa, em função das simpatias ou de vir a colher mais ou menos votos.  Nessa perspetiva, não se pode atribuir a essa coerência, a essa forma de estar e de agir, que se vai perpetuando no tempo por parte do PCP e da CDU qualquer descida eleitoral.

 

(NdV): E, considerando a realidade local do Alto Minho, onde as questões de desenvolvimento económico e social são muitas vezes mais desafiadoras, como pretende a CDU recuperar a confiança dos eleitores da região e melhorar a sua representação nas próximas legislativas?

(JCR): A CDU pretende fazê-lo. A CDU tem vindo sempre a fazê-lo. A CDU nunca deixou de o fazer, porque julgamos que o caminho certo é defender a melhoria das condições de vida das pessoas.

Se dizemos que é preciso, é necessário e é urgente, aumentar os salários no nosso país e na nossa região, de forma muito particular. Os trabalhadores e o povo, no geral, reconhecem e sabem que é isso que é importante. E por isso, não vamos deixar de reivindicar esse aumento de salários só em função de termos ou colhermos mais ou menos votos numa situação que, até as próprias pessoas, entendem que há justiça nesta matéria. O mesmo poderíamos dizer na saúde, na habitação, nas acessibilidades, nos transportes.

 

(NdV): Na saúde, a CDU propõe a valorização das carreiras dos profissionais de saúde, mas sabemos que a falta de médicos e enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde (SNS) é uma realidade já grave. Não considera que promessas de mais valorização salarial e dedicação exclusiva são apenas paliativos e não resolvem o problema estrutural da escassez de recursos humanos no serviço público?

(JCR): Quando temos, praticamente, metade do orçamento de Estado consignada à saúde a ir diretamente para o negócio da saúde, percebemos que não está a ser feito o investimento que deveria estar a ser feito no SNS.

O que pretendemos, em Viana do Castelo, é precisamente que o SNS que temos em prática não seja esse exemplo de entregar a privados aquilo que é um investimento público. Já o tivemos no passado, temos, no presente, a funcionar com o serviço de radiologia, e é por isso que pretendemos que esse tipo de situações não se perpetue e seja combatido e, pelo contrário, haja um retrocesso e haja mais valências, como defendemos; por exemplo, o serviço de radioterapia.

É evidente que, quando fazemos um investimento público para o SNS ficar mais forte, mais consolidado, passa a haver, também, muito mais interesse nos seus profissionais em desempenhar as suas funções, em fixar-se.

 

(NdV): Na área da educação, a CDU propõe a eliminação das propinas no ensino superior, o que é ambicioso, mas o que propõe o Partido para garantir a qualidade do ensino, caso o orçamento públic

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