As imagens de Nossa Senhora d’Agonia e de São Bartolomeu dos Mártires não saíram ao mar devido ao mau tempo, mas as embarcações dos pescadores saíram e percorreram o rio Lima para fazer a transladação dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
O ponto de encontro foi a igreja de Nossa Senhora d’Agonia, onde os andores de Nossa Senhora d’Agonia e de São Bartolomeu dos Mártires sairiam até ao cais. Mas como a chuva não deu tréguas, ficaram-se pela procissão móvel até à igreja de São Domingos.
Antes da partida, os pescadores e as mulheres da Ribeira, devidamente trajados, posaram para algumas fotografias e, alguns deles, não esconderam a emoção de reviver a romaria que acontece em agosto. “Foi com surpresa que recebi o convite para participar e é com muito gosto que aqui estou, até porque Nossa Senhora d’Agonia merece”, contou Fátima Ferreira. “Não tenho palavras para descrever aquilo que me move quando falo do nosso santinho, mas é com grande entusiasmo que preparei o andor para sair hoje”, acrescentou Ana Castro, responsável pelo andor de São Bartolomeu dos Mártires.
Já Marlene Sá era a única mulher entre vários homens pescadores e levou, pela primeira vez, o andor de Nossa Senhora d’Agonia. “Tenho muita pena que o andor não saia para o mar, mas estou muito emocionada por estar presente neste momento importante para a Diocese”, confidenciou a pescadora que recebeu o convite do Pároco, Pe. Vasco Gonçalves.
Quem também aproveitou este momento foi Daniela Rocha que se trajou para fazer cumprir uma promessa pela amiga. “O que me trouxe aqui foi muita coisa… Antes de mais, a fé e a devoção. Depois, o andor de São Bartolomeu sai com uma promessa minha por uma amiga e, por isso, tem todo o significado e mais algum sair a propósito da JMJ”, contou já “muito emocionada”.
“Não há outro acontecimento que possa marcar mais o ritmo para uma sociedade”
Às 14h00, a chuva deu tréguas e as embarcações dos pescadores “Sempre em frente”, “Senhora da Agonia”, “Deus quer”, “Virgem de Fátima”, “Santa Maria das areias” e “Oceano Atlântico” partiram da cidade até ao cais do Cabedelo, em Darque, para buscar a Cruz Peregrina e o Ícone Mariano, que a corveta António Enes transportou de Lisboa, depois de uma viagem “um pouco atribulada”. De acordo com o comandante, na cerimónia de receção, a primeira embarcação que transportaria os Símbolos avariou e, após a mudança para a segunda, também esta avariou.
Contudo, a transladação dos Símbolos da JMJ fez-se ao som das sirenes das embarcações e de aplausos de jovens e adultos que fizeram questão de embarcar para assistir ao momento.
Do outro lado da margem (na cidade), estavam centenas de pessoas a gravar e a aplaudir a chegada da Cruz Peregrina e do Ícone Mariano a Viana do Castelo. A chuva regressou, mas a procissão até ao Centro Cultural fez-se na mesma com militares, jovens e os três Bispos: D. Rui Valério, Bispo das Forças Armadas e Segurança, D. João Lavrador, Bispo de Viana do Castelo, e D. Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023. “Quero deixar-vos duas palavras. A primeira é de louvor. Agradecer a Deus pelas maravilhas que Ele está a realizar em Portugal com a nossa gente e, sobretudo, com os nossos jovens”, disse D. Rui Valério, salientando que, nos últimos dias, chegou à conclusão de que “Portugal continua a ter fome, sede e desejo de Cristo”. “A segunda palavra é do Papa Francisco: fraternidade. Perante os valores que os Símbolos transmitem, todos nós nos sentimos irmãos”, afirmou.
Já D. João Lavrador agradeceu aos militares que transportam os Símbolos da JMJ e enalteceu a capacidade dos jovens em adaptar-se à mudança, incentivando-os a não ter medo. “A JMJ é um momento único no nosso país. Vamos ter aqui jovens de todo o mundo, que vêm fazer uma experiência que, à partida, sendo à volta do Papa e eclesial, é profunda para construirmos a paz”, considerou, frisando: “Não há outro acontecimento que possa marcar mais o ritmo para uma sociedade que se quer a viver a paz, alicerçada nos valores universais de toda a Humanidade”.
O Bispo diocesano também acompanhou as embarcações para a trasladação e descreveu o momento como “fenomenal”. “Os pescadores são mesmo assim. Começa por um e depois todos querem estar. Eram para ser dois ou três barcos e foram seis, com eles todos contentes, alegres, felizes”, referiu, agradecendo “o gesto e tudo o que estes homens fazem por nós, com a sua fé, audácia e o estímulo que eles dão, de enfrentar o mar todos os dias”. “É motivo também para nós enfrentarmos as contrariedades todos os dias e sabermos construir essa Humanidade nova”, reiterou.
No final, os Símbolos da JMJ foram transportados para a igreja de São Domingos, onde decorreu uma celebração presidida pelo prelado e, à noite, se realizou uma vigília de oração.
“Um dos momentos especiais é ver as pessoas tocar nos Símbolos”
Os Símbolos da JMJ pernoitaram naquela igreja junto de um dos patronos do evento e, no dia seguinte (30 de dezembro), percorreram as ruas e várias associações e instituições de Viana do Castelo: Câmara Municipal, Bombeiros Voluntários, Unidade Local de Saúde do Alto Minho, lar de idosos, estabelecimento prisional, igreja dos Passionistas (Barroselas), igreja de Alvarães e Irmãs Missionárias.
Ricardo Fernandes pertence ao Comité Organizador Diocesano (COD) e contou que dois dos momentos mais marcantes foram “a receção pelos pescadores e o encontro com os mais frágeis”. “É nesta simplicidade e humildade que somos chamados a levar estes Símbolos por toda a Diocese”, afirmou.
Já o responsável pelo COD e pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil (SDPJ), Pe. Domingos Meira confidenciou que um dos momentos marcantes aconteceu na prisão. “«Tira-me da prisão!» foi um dos pedidos que ouvi ao tocar na Cruz Peregrina nestes primeiros dias da peregrinação dos Símbolos da JMJ em Viana do Castelo”, lê-se numa publicação da sua página Facebook.
Ao Notícias de Viana, assumiu ainda que a espera foi “longa” e que as pessoas estão “ansiosas” para viver esta peregrinação. “Temos um programa muito cheio, porque a vontade é essa, encher a agenda”, apontou, referindo que há várias instituições que ainda procuram a organização. “O acolhimento dos Símbolos da JMJ superou todas as expectativas, mesmo com os imprevistos”, garantiu, salientando o empenho e participação dos jovens. “Um dos momentos especiais é ver as pessoas tocar nos Símbolos. Tem sido indescritível”, admitiu, acrescentando: “Os jovens também se mostram felizes e sentem-se sortudos por ‘carregar’ os Símbolos da JMJ”.
“… o maior de sempre”
O dia 30 de dezembro terminou com uma vigília de oração no Largo das Neves e, no final, o Pe. Guilherme Peixoto apresentou um set de música tecno de inspiração cristã. “O Secretariado já organizou muitos eventos, mas nenhum como este… Talvez, tenha sido o maior de sempre”, afirmou o Pe. Domingos Meira, referindo que estava “muita gente”.
O último dia do ano de 2022 ficou marcado pela chegada dos Símbolos da JMJ ao ponto mais alto da cidade de Viana do Castelo – Santuário do Sagrado Coração de Jesus –, após terem peregrinado até São Silvestre, em Cardielos, e pela passagem nas Irmãs Franciscanas e no Carmelo de Santa Teresinha, onde estiveram em adoração e entraram em 2023.
No dia 01 de janeiro de 2023, os Símbolos da JMJ passaram pela igreja de Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora do Carmo, e seguiram para o Arciprestado de Caminha, onde permanecerão até dia 04.
Consulte o programa completo aqui: Jotas de Viana: PROGRAMA DA PEREGRINAÇÃO DOS SÍMBOLOS DA JMJ | Diocese de Viana do Castelo, 29 dezembro’22 a 29 janeiro’23
29 de dezembro de 2022
30 de dezembro de 2022
31 de dezembro de 2022
01 – 04 de janeiro de 2023
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