Interpelações da Palavra
Saiu Deus a contratar
O nosso Deus é um Deus em saída. Deus não se fica, não é dado a depressões ou à inércia. Sai Deus de contínuo para convidar a trabalhar com Ele; o nosso não é um Deus cómodo, dado às comodidades do lar, alheado dos casos e acasos da humanidade, ignorado dos gritos dos pobres, dos famintos de futuro, dos sem rumo e sem-sentido. Sai Deus, isso tem tu por certo, que o próprio de Deus é amar, e por isso sai. Sai de si, sai ao nosso encontro, como o sol em cada manhã – pese embora as nuvens. Sim, Deus sai ao nosso encontro porque ama, porque tem interesse por cada um de nós. Embora pequenos, por mais mínimos que sejamos, somos para si tão importantes, que vem chamar-nos para nos engrandecer. Deus chamou-nos à existência e engrandeceu-nos; chamou-nos dos vales escuros do pecado, perdoou-nos e engrandeceu-nos; concedeu-nos a salvação em seu Filho e engrandeceu-nos definitivamente, fazendo-nos divinos por participação!
E paga aos primeiros e aos últimos
Na vida há primeiros e últimos. A uns e a outros, inesperadamente, Deus dá sem limites, que o limite do amor é elevar todos até si! O olhar de Deus é amor sem limites: rebusca-nos nos terreiros e nas praças, onde restamos tão abúlicos… E o nosso olhar é tão limitado, tão limitado, que não percebemos as razões pelas quais Deus precisa de nos elevar. E é que Deus não olha o nosso passado nem se prende ao presente; olhando-nos olha-nos com amor que não trai, e só vê futuro; Ele não precisa de um pecador frustrado, acabrunhado, desestimado, mas de um homem/mulher que se alegre e rejubile por ser convidado a ser co-laborador com a graça. Deus não precisa de profissionais do lamento e comiseração, que se saciam dos rituais de sempre, sem novidade nem regeneração. Não precisa de nós sempre a lamentar-nos, mas de soldados afeitos ao combate, ainda que feridos; de mãos ágeis e dispostas a levar uvas para o lagar, para o altar. Deus paga sempre e a todos: tristeza será não sabermos acolher e agradecer a imensa e imerecida gratuidade da sua misericórdia por cada um de nós!
Os primeiros são os últimos
A tarde tarda e alonga-se imenso para os primeiros; são os que se cansam, pois não percebem que trabalhar a convite do Senhor é um acto de amor! Cansam-se aqueles cujo trabalho é para o currículo.
Rezar a Palavra
Dá-me, Senhor Jesus, num qualquer recanto, uma vinha por colher.
Dá-me a urgência de sair do meu lugar.
Dá-me, Senhor Jesus, cachos maduros, doces, dourados ou da cor de rubi.
Dá-me a urgência de saborear o vinho novo.
Dá-me, Senhor Jesus, uma vinha com lagar e uma noite longa para trabalhar.
Dá-me a urgência do corpo cansado.
Dá-me, Senhor Jesus, companheiros desanimados como eu.
Dá-me a urgência de consolar alguém.
Chama-me para a alegria da colheita, para a festa das vindimas.
Chama-me, consola-me, fala-me palavras doces ao meu coração rebelde
até que perceba que trabalhar contigo e a teu lado
é a obra mais sem preço que realizar possa.
Viver a palavra
Nesta semana, vou procurar lembrar que fui chamado para colher.