Diante da Palavra
Vem Espírito Santo, sopro que desperta a fome e a sede que nos anima a cruzar os lagos das nossas buscas.
Interpelações da Palavra
”Quando a multidão viu que nem Jesus nem os seus discípulos estavam à beira do lago, subiram todos para as barcas e foram para Cafarnaum, à procura de Jesus”
Quando a multidão não viu, subiu às barcas e foi à procura
remou, atravessou o lago
imaginamos o movimento, a força e a determinação do movimento. Contudo, preciso de não me esquecer que há também outros movimentos de procura, igualmente vigorosos, determinados, intensos
movimentos interiores, buscas interiores, esperas por vezes longas, que exigem uma paciência tão intensa, determinada e corajosa como uma remada no lago. E que na dinâmica da vida, pode levar-me mais longe levantar-me ir onde tenho de ir, como sentar-me e esperar para ver mais claro onde sou chamado(a) agora.
Ao encontrá-lO no outro lado do mar, disseram-Lhe: «Mestre, quando chegaste aqui?»
Jesus não responde a esta pergunta. Jesus não responde a todas as perguntas. Quer-nos pequeninos, mas não infantis, para que adultos na fé possamos descobrir por nós próprios
uma e outra vez: que Jesus chega sempre antes, que já nos espera lá, no lugar das nossas maiores interrogações, que tudo o que eu possa viver agora ele já experimentou um dia, na dureza da dúvida e das escolhas, que nos levam pelo caminho estreito até à Paz.
Disseram-Lhe eles: «Senhor, dá-nos sempre desse pão». Jesus respondeu-lhes: «Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca
mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede».
Ir e acreditar, a Ti e em Ti, garante de matar a fome a sede. Até pode parecer simples, ir e acreditar, mas não é, porque a experiência da vida humana não tem nada de simples. E é isso que nos pode ajudar precisamente a caminhar para Deus, a irmos santificando esta experiência humana. Porque quando cada um de nós arranca à sua natureza humana, um pedaço de amor puro para dar a si próprio, ao outro e ao mundo, um pouco mais de Deus é feito Reino dos Céus, aqui e agora na terra.
Rezar a Palavra e Contemplar o Mistério
Senhor do tempo e de cada respiração,
aceitámos seguir-Te,
Mas não guardámos o espanto de criança para a descoberta do caminho,
Queremos respostas concretas:
Onde? Quando? Como?
Tanto mais respostas, quanto mais a vida é incerta
E nos troca as voltas aos planos…
aos nossos planos…
E tu sorris com a ternura de Pai,
diante dessa ingenuidade.
Perdoa-nos se somos assim e, por
favor, não nos dês as respostas,
porque é preciso que a nossa
fé se torne adulta.
Fazermo-nos pequenos para
ter uma fé grande,
De homens e mulheres capazes de
abraçar, confiados
o Mistério.
Viver a Palavra
No lugar onde tenho mais perguntas, talvez mesmo preocupação ou angústia é aí mesmo onde me vou deter, suspender o meu próprio julgamento para me abrir a abraçar o Mistério e deixar que Deus se revele.