Diante da Palavra
Vem Espírito Santo, desperta em mim uma generosidade atenta e proativa, nunca atada pela avareza.
Interpelações da Palavra
Ser milagre
Parece que o que movia as pessoas atrás de Jesus eram “os milagres que Ele realizava nos doentes”. Seria só isso? Se analisarmos a cena ao pormenor, descobrimos que havia mais qualquer coisa. Estava-se bem junto de Jesus. Ele criava um sentimento de segurança e de bem estar junto d’Ele. Interessava-se pelo pormenor das necessidades, desde as mais básicas como comer, até ao detalhe do conforto: “mandai-as sentar”! Jesus não é um Todo-poderoso seco e frio. Só uma ínfima parte dos seus milagres pertence ao foro do transcendente, os seus milagres são revestidos de gestos tão pequenos, que podemos pensar: “Isso até eu posso fazer!” E, sim, Jesus convida-nos a adotar a sua delicadeza, a sua atenção sempre disponível para amar. Não podemos multiplicar pães? Mas podemos partilhar o que temos. Não conseguimos curar um doente? Mas podemos dar-lhe a nossa presença que conforta. Não podemos ressuscitar um morto? Mas podemos ressuscitar sorrisos. Podemos sempre abrir o coração para saciar tantas fomes! Jesus hoje desafia-nos a ser fazedores de milagres a ser milagre, a dar pão em vez de o comprar.
Ele bem sabia o que ia fazer
Na passagem que lemos Jesus não parece fazer um sermão de palavras, mas provoca um sermão maravilhoso, naquele alvoroço combativo e partilhado da resolução de um problema. A mensagem de Jesus não entra só pelos ouvidos, entra pelas mãos generosas e disponíveis, instala-se nos pés diligentes; não sai apenas pelos lábios, mas flui pela atenção, pela coragem de uma aproximação, pela ousadia de arriscar uma interação. Quantas vezes para perceber o Evangelho temos que o fazer gesto e silêncio, temos de o percorrer como caminho e peregrinação, temos de o comer e dar a comer e só então ele se instala na nossa vida e na vida daqueles a quem o queremos anunciar. Quanto Evangelho advém dos nossos gestos, ou até do nosso silêncio!
Está aqui um rapazito…
O pão da saciedade vem do rapazinho. Seria ele o único a levar uma merenda? É preciso ter uma dose de inocência e de ilusão para acreditar no milagre, para arriscar ser milagre e dar o que temos. Não é bom envelhecer na cautela, cristalizar na astúcia e apoucar-se no calculismo. Não podemos consentir em deixar pão a apodrecer nos nossos celeiros! Não esperemos saciar-nos sem a partilha. Só a fome do outro completa a nossa saciedade. A fome do outro é um maravilhoso caminho de conversão, mas para isso ela tem de ser percebida e tida em conta. O caminho para Ele é o do pão partido e partilhado, e isto não é uma metáfora: é o caminho da Eucaristia.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Jesus, atento a cada movimento, a cada dor e fome que me assalta.
Precisas dos meus cinco pães e dois peixes que, por graça, de Ti recebi…
Precisas o meu estar na multidão, disponível para a surpresa e para a partilha.
Com o meu pouco fazes o milagre que transborda, a graça da comunhão
e a experiência da saciedade. Tu és o Pão que dá vida, o profeta que havia de vir
ao mundo… À mesa, sentado à Tua beira, quero fazer sempre parte deste banquete.
Viver a Palavra
Vou descobrir o que em mim são os ”cinco pães e dois peixes” que devo partilhar.