Diante da Palavra
Vem, Espírito Santo. Abre o nosso coração para o entendimento da Palavra e conduz-nos à verdade plena.
Interpelações da Palavra
A minha filha está a morrer. Vem…
Há notícias que nos transtornam interiormente. Jesus, hoje, é confrontado com uma dessas. O Evangelho dá-nos conta que Jairo se Lhe lança aos pés. A sua filha está muito mal. Em iminente perigo de morte, qualquer um de nós faria outro tanto diante do Senhor da Vida. Certamente, o teor do pedido e a insistência de Jairo não deixaram de deitar por terra o próprio Jesus. A linguagem que Ele sabe falar é a da compaixão. Daí que se disponha prontamente a acompanhar este homem. Na verdade, a beleza que salva o mundo é o amor que partilha a dor (Martini). Em Jesus de Nazaré, testemunhamos não apenas uma solidariedade humana, mas a misericórdia divina, ou seja, a partilha da dor feita pelo próprio Deus, que não é indiferente às nossas misérias.
Pelo que nos toca, a maior parte das vezes, inscrevemo-nos nesta beleza salvífica com uma compaixão silenciosa. É o que está ao nosso alcance! Emudecidos pela realidade, sabemo-nos solidários na impotência e, também, capazes daquela força que o estar juntos potencia. Além disso, porque temos a graça da amizade com Cristo, vemos abrir-se diante de nós um novo horizonte de esperança, que nem qualquer multidão apertada nem qualquer mensagem de morte conseguem bloquear.
Não temas; basta que tenhas fé
Não é difícil esbarrarmos, ao longo do caminho, com palavras de desânimo e desespero ou com gritos de lamentação e pranto da parte de gente que é capaz de se rir de nós, caso ousemos a esperança e acreditemos na vida. São outras expressões do canto da sereia… Não nos deixemos fascinar pela sombra. Importa resistir às vestes da vitimização ou da arrogância.
Eis a resposta de Jesus aos pedidos que Lhe apresentamos: «não temas; basta que tenhas fé». Primeiro, desdramatiza os nossos medos, com um simples «não temas»; depois, consolida a nossa confiança, apelando ao risco da fé. Este «basta que tenhas fé» não prescinde de uma série de trabalhos domésticos, dentro de nós mesmos, em ordem à disponibilidade para acolher o mistério da vida. A fé apenas prescinde daquela autorreferencialidade calculista e desconfiada, que olha Deus com suspeita.
Menina, Levanta-te
É esta a postura pela qual ansiamos: de pé, levantados, erguidos. Não se trata tanto de uma posição corporal, mas de uma atitude espiritual. A dignidade humana exige que cada um de nós, particularmente nós Igreja, nos impliquemos em construir homens e mulheres verticais.
A passagem evangélica não no-lo relata, mas é natural imaginar que o texto comece com Jesus a levantar Jairo. Dá-se, assim, uma significativa inclusão: Jesus no princípio ergue do chão Jairo e, no final, levanta a filha deste chefe da Sinagoga.
É a postura de ressuscitados que Jesus gosta de ver em nós e nos oferece. Para ela contribuamos, trabalhando a nossa disponibilidade, domingo após domingo…
Rezar a Palavra
Vem, Senhor. Vem impor sobre nós as Tuas mãos;
Faz de novo a nossa vida.
Salva-nos com o dom da fé.
Levanta, como outrora, do chão a nossa existência
E conserva-nos, alegres e íntegros,
Na verticalidade do Teu Evangelho.
Sugestão
Ao longo desta semana, aproximar-me-ei de alguém que conheço prostrado e dar-lhe-ei, com o meu tempo, uma presença alegre, que ergue e salve.