Na sessão de abertura, Helena Painhas e Raquel Gaião Silva – Presidente e Vogal da SEDES de Viana do Castelo, respetivamente – procuraram introduzir todos os presentes no tema a debate. Das notas introdutórias, ambas realçaram que a importância da sustentabilidade se concentra na necessidade de existir um equilíbrio para o agora e para o futuro de maneira a que se fale de sustentabilidade, mas com ações específicas que as concretize. Destacaram, ainda, nesta fase introdutória, que a escolha dos oradores se deveu à interdisciplinaridade que pretendiam dar a partir da escolha dos mesmos, pois «são setores que se entrecruzam», mesmo sendo de áreas diferentes.
Para orientar a “keynote”, a Equipa SEDES de Viana convidou o Professor da Universidade de Lisboa José Manuel Palma-Oliveira que orientou a sua apresentação com o título “Contra as Panaceias lutar … lutar”. Na sua exposição, o Professor José Manuel referiu que as soluções, no que diz respeito às questões ambientais, estão complicadas e são como que uma manta, onde se puxa de um lado e se descobre do outro. Apontou, ainda, que um dos problemas com que se depara nos dias de hoje devem-se ao facto de se querer «fazer o máximo com o mínimo de esforço possível». SEDES promoveu debate sobre a sustentabilidade
Para o Professor Palma-Oliveira, o pico de desenvolvimento das emissões aconteceu após o fim da IIª Guerra Mundial com a necessidade de se construir moradias para as pessoas com o objetivo de se obter a eletricidade mais facilmente. Esta situação é um exemplo da «confusão entre aquilo que somos e aquilo que deveríamos de ser», pois «os ecossistemas dependem da nossa ação humana: quanto maior a diversidade, melhor será o ecossistema». Para o palestrante é importante que cada ser humano não se esqueça que «o ambiente somos nós».
Como ponto alto deste debate ocorreu uma mesa redonda sobre a moderação de Pedro Santos (CEO da Consulai) e com a intervenção dos seguintes oradores: Marina Dolbeth, Investigadora CIMAR; Johan Stevens, CEO Sanitop; João Vieito, Professor de Finanças do Instituto Politécnico de Viana do Castelo; e Hugo Rodrigues, Médico Pediátrico na ULS do Alto Minho. Neste colóquio, onde a interdisciplinaridade foi importante para se entender a importância da sustentabilidade na sociedade em que estamos, os palestrantes defenderam que era prioritário passar das soluções para as ações, pois as soluções e as propostas de solução vão existindo sem que exista a ação.
Nesta linha, a Investigadora Marina Dolbeth defendeu que a sustentabilidade, principalmente na sua área – ligada à economia do mar –, era relevante na promoção do combate ao desperdício. O controlo necessário teria de advir de um equilíbrio onde fosse possível a reversão e a restauração. Aliás, a Investigadora referiu, em síntese, que «uma das formas de apoiarmos a sustentabilidade é a partir da educação. Se educarmos a sustentabilidade, esta acontece naturalmente», atirou.
Por seu lado, o CEO Sanitop apontou que, na sua área da construção civil, a sustentabilidade passa pelo bom isolamento térmico, «optando-se, neste momento, não tanto pelas energias fósseis, mas mais pelas bombas de calor que têm a particularidade de aquecer e arrefecer as casas». Johan indicou ainda que os indicadores de sustentabilidade estão a ser mais realçados e pedidos por bancos, no que diz respeito ao apoio financeiro. «Nota-se», refere, «que o indicador financeiro passa a segundo plano para dar relevo ao plano da sustentabilidade», que «começa a partir de cada um de nós».
O Professor João Vieito referiu, por seu turno, que «a parte económica é essencial na sustentabilidade» daí as empresas procurarem respeitar as respetivas regras. Para isso ele aponta como fonte de promoção «os novos comércios que se vão implementando no mundo do trabalho onde, muitos deles, começam com coisas simples como é o caso da reciclagem». Apontou, ainda, para a necessidade das indústrias se reinventarem no que diz respeito à sustentabilidade.
Já o Pediatra Hugo Rodrigues defendeu a relevância da prevenção na sustentabilidade, tal como acontece em muitos casos pediátricos. Para ele, «a prevenção é uma forma de sustentabilidade porque não procura soluções perante os problemas». A prevenção requer, em certa medida, a promoção dos bons hábitos. «Aí», defende, «contamos com o testemunho dos pais para as crianças».
A encerrar esta sessão tomou a palavra o Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Arquiteto Luís Nobre, onde, ao longo da sua intervenção, referiu que o Município de Viana do Castelo tem procurado ser exemplo na questão da sustentabilidade. Realçou que já em 2011 o Município restruturou a sua rede de mobilidade para uma rede de mobilidade elétrica, sendo o primeiro Município a fazê-lo. O autarca referiu ainda que as linhas orientadoras da Autarquia, que investe 17% do seu orçamento em questões ambientais, de educação e de qualidade de vida, tem de passar pela formação, sensibilização e informação. Em suma, conclui, que «um território para ser sustentável tem de ter a sensibilidade de todos e todos têm de remar para o mesmo lado: o da sustentabilidade».
A SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, promotora deste debate sobre a sustentabilidade, é uma Associação cívica portuguesa que conta com mais de 50 anos a defender o humanismo, o desenvolvimento sociocultural e a democracia. Neste momento a SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social conta com 15 equipas distritais, das quais faz parte a delegação de Viana do Castelo presidida por Helena Painhas.