1.
Venho a público para, anunciando a todos os diocesanos a ocorrência, no próximo dia 15 de Agosto, das Bodas de Ouro Sacerdotais do Senhor Dom Anacleto de Oliveira, Bispo da nossa Diocese, o felicitar, em nome de todos os diocesanos, pelos seus fecundos 50 anos de sacerdócio, dez deles, ao serviço desta Diocese, como nosso Pai e nosso Pastor.
Parabéns, Senhor D. Anacleto, por nos proporcionar partilhar o Vosso Jubileu Sacerdotal, em Bodas de Ouro, como Presbítero, Padre e Pai e, também, como nosso Pastor Diocesano!
A convergência de outras motivações atinentes a esta data central do nosso calendário litúrgico, longe de diluir as nossas atenções, vem, sobretudo com a solenidade de Nossa Senhora da Assunção – Santa Maria Maior -, Padroeira da Diocese, potenciar e engrinaldar a EVOCAÇÃO que pretendemos fazer do meio século de serviço à Igreja, como Padre e como Bispo.
Queremos, fazendo desse dia um “HOJE” jubilar alargado e solene, saborear esse património humano, divino e pastoral que, graciosamente e sob os auspícios da Virgem Maria, oferecido por Deus, no Sacramento da Ordem, foi, por Vós, tão prontamente acolhido e tão zelosamente concretizado, como Padre, que um dia quis ser e, como Bispo, para cujo ministério o elegeram.
2.
Celebrar a Ordenação Presbiteral é, antes de mais, recordar, isto é, abrir o (cor)ação, para (re)ver e (re)viver esse momento “único”, em que, pela «imposição das mãos», a «oração consecratória» e a «unção crismal», pela fé, sentiu, interiormente, uma transformação ontológica que o converteu num “sacerdote”, a que chamamos presbítero e, no vulgo, tão ternamente, “Padre”.
Este presbítero, que começou a ser e é, resultou de um chamamento divino pessoal e da Vossa resposta de adesão à entrega total (consagração) a Jesus Cristo, donde comporta uma participação específica no único Sacerdócio de Jesus Cristo, Pastor e Cabeça da Igreja. Este sacerdócio, denominado hierárquico, essencialmente diferente – não só em grau – do sacerdócio real, comum a todos os baptizados, exerce um poder sacramental e de jurisdição sobre o Corpo Místico de Cristo, do qual deriva o serviço à Igreja Universal, com o tríplice poder/serviço de ensinar, santificar e reger/governar os fiéis, é o sacerdócio que, um dia, como jovem atento às inspirações divinas, o levou a dizer: «Quero ser Padre».
Por isso, celebrar as Bodas de Ouro Sacerdotais, também é fazer memória desse primeiro lampejo que cintilou no mais profundo do Vosso ser, onde Deus Se encontra com o homem e o homem com Deus, e que, de perceptível, foi acolhido, nos escaninhos do coração, e, traduzindo-se numa irresistível sedução, Vos levou a deixar-se seduzir, entrando num êxodo que o foi impelindo a sair de si próprio, queimando as seguranças humanas, por uma espécie de ‘implosão’, até que, purificado no Seu “nada”, garantidamente, com certezas límpidas, a prosseguir em busca de alcançar, não uma miragem enganadora, mas o DOM gratuito que Deus Vos ofereceu, e que, uma vez aceite, se tornou no TUDO da Vossa Vida, preenchendo-a totalmente, para, em continuidade, a colocar ao serviço dos outros: isto é ser PADRE e, em consequência, também é celebrável.
Nesse percurso de 12 ou mais anos de preparação académica e formação humana, espiritual e pastoral, que belo é recordar também as impressões daqueles contemporâneos e conterrâneos, a começar pelos Vossos pais e irmãos, que o iam olhando com admiração e esperança, seguindo com amizade e respeito e acompanhando com a oração, enquanto, no seu imaginário, lhes ia parecendo que, no evoluir do discernimento vocacional, lhes estava a fugir, como alguém que se vai tornando em património comum e entidade de domínio público, isto é, Padre para os outros.
3.
Uma das coisas que o Senhor D. Anacleto gosta de fazer, quando fala aos Padres ou com os Padres, dirigindo-lhes palavras de incentivo, é traduzir o vocábulo “Padre”, pelo seu próprio e real significado, “Pai”. Ele próprio se intitula como tal. Ser Padre é, realmente, ser Pai. Como Bispo Diocesano, D. Anacleto quer que os Padres, no relacionamento com os paroquianos, se mostrem como tal e sejam verdadeiramente Pais. E o exemplo vem de cima.
Quem não recorda o exercício mental e físico que o Senhor D. Anacleto de Oliveira, logo que tomou posse da Diocese de Viana do Castelo, fez para, em pouco tempo, conhecer pessoalmente cada um dos seus diocesanos? Começou por estudar a geografia física, humana, cultural e política da sua Diocese. Viu, ouviu, participou em actividades pastorais e culturais, onde estivessem os diocesanos. Viajou por estradas e auto-estradas, como que a traçar as coordenadas que lhe dessem a dimensão da Diocese. Calcorreou, a pé, estradões, carreiros e trilhos rebuscados, subindo e descendo Serras e caminhando por vales e planaltos. Esteve presente, não apenas nas grandes festas e romarias, mas em qualquer festa de aldeia ou lugar recôndito, escondido por entre as montanhas. Presenciou expressões culturais autóctones, imiscuindo-se nesses meios ambiente. O exercício mental de memória que fazia permitiu-lhe poder chamar a cada pessoa pelo próprio nome, mesmo quando se tratava de multidões, como no trato com os crismandos. Em qualquer paróquia, grande ou pequena, entrava/entra nas casas dos pobres e dos ricos, por ocasião das Visitas Pastorais e/ou Visitas Pascais ou, mesmo, por ocasião de luto. Substituiu párocos nas celebrações dominicais. Fez-se tudo para todos. Com este exercício pessoal, conhece os cantos e os recantos, alguns encantadores, de toda a nossa Diocese. À maneira de São Bartolomeu dos Mártires, tornou-se um verdadeiro Pai sábio, vigilante, afável e acolhedor.
Claro que esta paternidade, não advém da biologia, resulta das “vísceras” profundas do Sacramento da Ordem – Presbiterado e/ou Episcopado – e orienta-se totalmente para aqueles (filhos) a quem, por nomeação episcopal ou papal, foi enviado e está ligado e dedicado por laços seguros, não apenas canónicos e jurisdicionais, também não, somente, pelos afectivos, mas por laços muito mais consistentes e resistentes, porque galvanizados pela ação do Espírito Santo, os indeformáveis laços sacramentais pastorais.
Um bom Pai, com as características acima referidas, é sempre um Bom Pastor. Conhece o seu rebanho e este reconhece o seu Pastor. Chama pelo nome e cada um responde aos seus apelos. Dá a vida pelo seu rebanho, sem se coibir com defesas. Condu-lo para os bons pastos, com inteligência e humanismo, e ele segue-o. Está atento aos lobos e luta sabiamente contra eles. De tanto se misturar com o rebanho e se tornar a porta do “curral”, «cheira às ovelhas» (Papa Francisco), tornando-se um Pai e um Pastor “omnipresente” no meio do seu rebanho e, na Diocese, um verdadeiro “minhoto”, na mais nobre acepção desta palavra.
4.
Também esta dimensão ministerial de serviço a todos os diocesanos deve ser recordada e evocada, solenemente, numas Bodas de Ouro Sacerdotais e/ou Episcopais. Esta EVOCAÇÃO, porém, que deve ser apoteótica, pertence aos diocesanos – a nós – àqueles que usufruíram e usufruem da sua paternidade e do seu pastoreio.
Portanto, respeitadas as regras do “confinamento” “COVID-19”, sem fazermos multidão, mas usando os meios técnicos da Comunicação Social/redes sociais (transmissão em directo; SMS; mail; facebook; telemóvel; telefone fixo; CTT, etc) que nos permitem comunicar mutuamente em segurança, ASSUMAMOS TODOS OS DIOCESANOS O COMPROMISSO DE, NESSE DIA, MANIFESTARMOS O NOSSO JÚBILO, EM BODAS DE OURO SACERDOTAIS, a Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Dom Anacleto de Oliveira, pelos 50 anos de Presbiterado, 10 dos quais, como Bispo, ao serviço da nossa Diocese de Viana do Castelo.