Julgou ele tratar-se de algum misterioso sinal da parte de Deus e ordenou um jejum de três dias em toda a Diocese, pedindo ao Senhor Se dignasse revelar-lhe de que se tratava. Deus escutou as orações do Prelado e, passados três dias, apareceu-lhe o Arcanjo S. Miguel declarando-lhe que o Senhor queria que a ele, Anjo tutelar da Igreja, e aos outros Anjos, se edificasse naquela caverna, onde se manifestou o prodígio, uma igreja em sua honra, para reavivar a fé e a devoção dos fiéis no seu amor e proteção, como Anjo custódio da Igreja Católica.
Tendo o Bispo comunicado ao povo a visão que tivera e o que lhe fora pedido, foi ele próprio, com muita gente, observar o local. Encontraram uma caverna espaçosa em forma de templo, cavada na rocha, com uma fenda natural na abóbada, de onde jorrava a luz que a iluminava. Nada mais era preciso que pôr um altar-mor para celebrar os Divinos Mistérios. Levantado o altar, o Bispo consagrou-o. Todos os povos vizinhos acudiram para a cerimónia cheios de alegria e a festa durou vários dias. Nunca mais, até hoje, se deixou de celebrar ali a Santa Missa, como também os outros ofícios litúrgicos, e Deus consagra este lugar, através dos séculos, com graças e milagres de toda a espécie, em favor dos que lá acorrem, doentes de corpo e alma, mostrando quanto Lhe é grata a devoção em honra do glorioso arcanjo S. Miguel, que defendeu, quando da revolta de lúcifer, a fidelidade ao Deus Uno e Trino, soltando este grito: “Quem é como Deus?”
O Santuário do glorioso São Miguel Arcanjo na gruta do Monte Gargano, é considerado um dos mais célebres e devotos de todo o Mundo. A Igreja, para atestar este fato histórico, marcou para o Calendário Litúrgico Universal a Festa Comemorativa desta aparição no dia 8 de maio. Esta festa foi obrigatória para toda a Igreja até à nova reforma litúrgica do Concílio Vaticano II. Na Paróquia de S. Miguel de Azevedo, Arciprestado de Caminha, sempre se celebra a Festa do padroeiro e da sua aparição, exceto este ano, pelas razões conhecidas.