Seguindo orientações do Papa, acaba de ser publicado um relatório de mais de 400 páginas, contendo o estudo detalhado de toda a informação recolhida, sem qualquer limite ou restrição, com o fim de apurar todos os factos e avaliá-los objetivamente.
Em síntese, o relatório conclui que Paulo VI fez dele Bispo Auxiliar de Nova Iorque, em 1977, seguindo calorosas recomendações, sem que lhe fosse conhecida qualquer postura criticável. Em 1981 e 1986, respetivamente, João Paulo II nomeou-o Bispo de Metuchen e Arcebispo de Newark, baseado nas informações elogiosas que a Conferência Episcopal norte-americana lhe transmitia. Incentivado pelo que lhe era dado saber, o Papa resolveu transferi-lo para a capital, Washington, no final de 2000 e elevá-lo a Cardeal no início de 2001. Entretanto, porém, o Vaticano recebera denúncias anónimas de comportamentos reprováveis, que o Sumo Pontífice mandou investigar ao mais alto nível, mas que nunca foram provadas. O próprio McCarrick escreveu uma carta ao Papa garantindo absoluta inocência e assegurando nunca ter tido qualquer contacto sexual ao longo dos seus 70 anos. Conhecedor de casos caluniosos semelhantes destinados a denegrir a imagem de clérigos, João Paulo II manteve a decisão, ainda suportado nas altamente abonatórias informações sobre o seu ministério. Tendo tomado conhecimento de novas acusações, Bento XVI fê-lo renunciar em 2006, instou-o a uma vida discreta e resolveu não o acionar, dada a sua já avançada idade e a contínua falta de evidências.
Logo, porém, que as acusações deixaram de ser rumores, Francisco reagiu energicamente, tomando medidas concretas no seio da Cúria, dando instruções exigentes e claras aos Bispos de todo o mundo e apelando à proteção das vítimas de um crime que a todos envergonha e que constitui uma triste página da história moderna da Igreja.