Na sua homilia, D. Anacleto começou por referir que era a primeira vez, enquanto Bispo da Diocese, que celebrava a Eucaristia na Catedral estando ela “tão vazia e tão cheia ao mesmo tempo”. E explicou: “Efetivamente, aqui está um número muito reduzido de fiéis, no entanto há milhares de pessoas da nossa Diocese e, porventura, de outras que nos acompanham através das redes sociais, nas suas casas, verdadeiras “Igrejas Domésticas”, e que eu convido, não a assistir, mas a participar nesta celebração”.
De seguida, o Bispo Diocesano referiu serem bem conhecidas de todos as razões que levavam a Sé a estar tão cheia e tão vazia para, depois, dizer que “esta será uma semana pandémica, durante a qual, em cada celebração, me deterei, na homilia, sobre grupos diferentes da população, relacionando-os com a pandemia que nos afeta”.
Assim, antes de falar do primeiro “grupo de pessoas”, D. Anacleto convidou quantos o escutavam a deter-se no comportamento dos discípulos apresentado no Evangelho: “Pedro que três vezes nega Jesus; Judas que vende o Mestre por preço de escravo; os restantes discípulos que também abandonam Jesus”. E acrescentou: “Que pessoas mais se podem identificar com este ‘triste’ papel feito pelos discípulos?” E apontou a resposta: “Em primeiro lugar, aquelas que não respeitam as normas que nos obrigam a estar isolados em casa e a quem peço que as cumpram escrupulosamente, evitando o contacto social, pois, se não o fizerem, estão a destruir vidas. Em segundo lugar, aquelas que procuram apenas o seu próprio bem, designadamente nas compras que fazem, açambarcando tudo para si. Em terceiro lugar, aquelas que se aproveitam desta crise para enriquecer, muitas vezes de modo sujo”.
A partir das palavras de Jesus “tudo o que fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes”, D. Anacleto recordou que “quem assim procede trai e nega o próprio Cristo”.
Em jeito de conclusão, pediu: “Rezemos por essas pessoas para que abram os olhos e vejam que, ao procederem assim, destroem a sua própria vida. Sejamos, se possível, intermediários para as convencer a enfrentar a pandemia com um olhar humano e cristão. No centro desta celebração estará o Corpo e o Sangue do Senhor. Acolhamo-lo, ainda que não o possamos tomar fisicamente, e peçamos que o seu amor inunde a vida de todos, particularmente de quantos se encontram neste grupo de pessoas que, com as suas atitudes, negam Jesus Cristo”.