Diante da Palavra
Vinde Espírito Santo de Deus, trazei aos nossos corações a prontidão dos servos do Amor.
Interpelações da Palavra
«Ave, cheia de graça»
A cena da anunciação do Anjo à Virgem desposada por um homem chamado José é a uma cena singela e modesta; se repararmos bem ela desenrola-se dentro de uma pobre casita da Galileia, que, ao tempo, era uma região desprezada pelos poderosos de Jerusalém. Pelo contrário, a anunciação do nascimento de João Baptista a seu pai Zacarias (que, atenção, não se lê nesta perícope…) deu-se no contexto da grandiosidade do Templo de Jerusalém e da sua magnífica liturgia.
Hoje, anuncia-se o nascimento de Deus e o cenário é humilde; antes, anunciara-se o nascimento de um homem e o cenário é grandioso! Porém, a mãe é a cheia de graça! Ela, a pequenina aos olhos dos vizinhos, é, afinal, aos olhos de Deus, a única cheia de graça. E, por isso, o Amor, dela se encantou e enamorou, a fim de que dela nascesse um Filho que será grande!
«Ela ficou perturbada»
Ao ouvir o Anjo, a donzela por quem o olhar do Amor, desde sempre, se encantara, perturbou-se; o seu olhar ficou confuso e o seu rosto colorou-se. A reacção é de compreensível desconcerto: tudo naquele diálogo excede a sua capacidade de compreensão; afinal, não se julga capaz do serviço que Deus lhe pedia! Cuidar de uma casa, passajar meias, ir buscar a água à fonte, fazer um estrugido – sim, disso ela julgava-se capaz. E sim, Deus nas suas cogitações sabia que o Filho precisaria de uma mamã assim…
«Faça-se em mim»
A palavra mais poderosamente criadora do Antigo Testamento é o «Faça-se» do Génesis. Deus disse: «Faça-se luz!; e a luz foi feita». E tudo se fez… Por fim, nos dias da nova criação, Deus quis precisar da colaboração de uma menina, e, agora, é ela quem diz o «Faça-se». Confiando em Deus e para favor da humanidade que geme pela sua redenção, a menina aceitou que o mistério se fizesse em si. E assim aconteceu, pois Deus precisava de uma mãe que O acolhesse em seu coração e o revestisse de carne.
A palavra mais criadora de todos os tempos disse-a, pois, uma menina a Deus, que Deus quis precisar da mais humilde das suas filhas para que a Palavra viesse até nós, para nos abraçar e ensinar o caminho da salvação! Deus quis precisar de uma serva de palavra confiante. Como Deus deve estar feliz por ter encontrado uma serva do Amor. Sigamos-lhe o exemplo da sua grandeza!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Sinto vertigem, Senhor, só de pensar que vieste à nossa terra!
Sinto vertigem só de pensar que decidiste encarnar no seio virgem de uma donzela!
Sinto vertigem só pode pensar que o teu coração palpita como o meu!
Sinto vertigem só de pensar que a cada hora te submetes aos nossos sins!
Sinto vertigem só de pensar que tenhas descido tanto, tanto, tanto…
Sinto vertigem só de pensar que, olhando-nos, tanto te encantas de nós, pecadores!
Sinto vertigem só de pensar que precisas de irmãs e irmãos que partilhem os teus bens!
Sinto vertigens só de pensar que continuas a precisar de amigos que te amem!
Sinto vertigem só de pensar que continuas a precisar de apóstolos que te sigam!
Sinto vertigem, Senhor, só de pensar que te humanaste tão verdadeiramente!
Viver a Palavra
Nesta semana, vou desarmar-me e aceitar experimentar o que é ser servo do Amor.