Diante da Palavra
Vem Espírito Santo, para que eu saiba deixar-me conduzir e aprender assim o que é a liberdade.
Evangelho segundo S. João 10, 11-18
Naquele tempo, disse Jesus: «Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas. O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas, logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, enquanto o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário não se preocupa com as ovelhas. Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-Me, do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor. Por isso o Pai Me ama: porque dou a minha vida, para poder retomá-la. Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente. Tenho o poder de a dar e de a retomar: foi este o mandamento que recebi de meu Pai».
Caros amigos e amigas, o Evangelho de hoje chama-nos à simplicidade de nos perguntarmos por onde andamos, de quem são as vozes nos conduzem e que doações de vida são as nossas?
Interpelações da Palavra
“O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas.”
Neste tempo que atravessamos, assistimos a tanta radicalidade nas palavras, nas atitudes, nas ações … E uma outra radicalidade, a do Amor, parece tão mais ausente … A radicalidade do amor que se doa e acrescenta vida, que nunca a tira, radicalmente silenciosa, suave, eficaz, … que habita no interior profundo dos gestos discretos do Bem, de cada um e de tantas pessoas. Na radicalidade do amor, continua a ressuscitar e viver o Bom Pastor … sempre que a Sua voz é reconhecida …
“… conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-Me”
Reconhecer implica conhecer primeiro. Reconheço-Te, na medida em que me conheço e Te conheço, porque o amor não é ilusão e em mim moram outras “vozes” e outros “pastores”. O amor radical é uma escolha lúcida com os pés enraizados na realidade. E para fazer esta escolha, é preciso antes escolher dar o meu tempo e a minha atenção amorosa, a olhar para Ti … e a deixar-me olhar por Ti.
“porque dou a minha vida …Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente”
Escolher dar a vida não é um voluntarismo ingénuo e inconsequente. É um fruto amadurecido no tempo, não o meu tempo, mas o tempo de Deus (que é sempre outra coisa). E quando a brisa suave da Tua voz fala ao coração, um coração amadurecido na paciência do tempo não pode, nem sabe, fazer outra coisa que não seja dar-se em amor o muito Amor que recebeu.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor da Vida e de cada instante,
Neste tempo que atravessamos precisamos de Ti,
Da Tua voz,
De alimentar a vida interior,
Para ser o silêncio, a espera,
Para ser a ponderação num mundo que se radicaliza,
Para sermos Cristãos, sinal de contradição para o qual fomos batizados.
Viver a Palavra
Esta semana levo no coração a atenção e intenção da escuta …
… aqui e agora, Senhor, onde precisas da minha vida?