Diante da Palavra
Vem, Espírito Santo, abre os meus olhos à luz e à beleza que salva!
Interpelações da Palavra
“Transfigurou-se diante deles”
Uns dias antes, Jesus tinha anunciado a Sua prisão e a morte vergonhosa na cruz. Também tinha falado de ressurreição mas, para os ouvidos confusos e amedrontados dos discípulos, tal palavra resvalara como consolação.
No monte, o manto de lã do Mestre reluzia por cima da túnica de luz, como se fosse uma veste nupcial feita de sol. O rosto iluminara-Se-lhe de transparência, que a própria beleza se sentiu envergonhada. Algo tão sublime que os sentidos jamais esqueceriam. E, mesmo que o olvidassem, ecoava ainda aquela voz paterna: “Este é o Meu Filho muito amado, escutai-O”! Deus manifestara, no Filho, um vislumbre da ressurreição. A vida Daquele Homem tornara-se tão clara, que os três discípulos conseguem apalpar o mistério de Deus. Mas a pobreza das suas palavras penam para o transmitir. A experiência é difícil de contar, apenas algumas imagens, palavras exageradas, expressões inusitadas. Porque Deus é assim, um exagerado… em luz, em paternidade, em silêncio, em amor…
Caminhar na beleza
Pedro gostaria de bloquear o momento, aprisioná-lo para sempre: “façamos três tendas”! Contudo, a dimensão de Deus não pode ser contida nos casulos do agir humano. O entusiasmo gaguejado de Pedro faz-nos compreender que, para se tornar pão quotidiano, a fé tem de ser alegre, nascer de uma admiração, de uma paixão, de um “como é bom” gritado pelo coração! Ter fé é descobrir, com e como Pedro, a beleza da vida, o mistério de luz de cada gesto e palavra. Até eu gostaria de permanecer ali sempre, naquela montanha de sol, naquele vértice de luz, encantado pela beleza do rosto de Jesus, imagem do rosto sonhado por Deus para a humanidade, em que toda a vida ganha cor.
Olhar de luz e ouvidos de filhos
Aquele momento fora único! Demasiado belo para ser esquecido. Conservado na memória inapagável do coração, seria recordado nos dias de inquietação, nos momentos de desânimo. Revivido na planura da dureza dos dias, aquele evento fazia o coração bater com a força da esperança.
Nos passos dos 3 discípulos, poderíamos também subir ao monte atrás de Jesus, olhar para a nebulosidade da própria vida, e com a força do alto, na coragem do dia-a-dia, preferir uma vida de luz e transparência, de perdão e misericórdia, de humanidade e simplicidade. No Tabor, o Filho reveste-se de luz, o Pai fala de amor, o Espírito faz brilhar, no coração dos discípulos, a identidade luminosa de filhos! Afinal, o Tabor é a história cintilante do Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
“Eu te suplico, Senhor:
leva-me do Tabor da contemplação à planície do compromisso diário.
E, se os meus gestos secarem a minha vida,
leva-me de volta à montanha do silêncio.
Do alto descobrirei os segredos da “contemplatividade”
e o meu olhar missionário alcançará mais facilmente os confins da terra”
(Tonino Bello)
Viver a Palavra
Vou fazer que os meus sentimentos, atitudes, gestos e palavras, reflitam a luz do encontro com o Senhor.