Desde essa data, esteve ao serviço do Seminário Menor até 16 de novembro de 1959, quando foi nomeado Pároco de Seara (Arciprestado de Ponte de Lima), sendo, depois, nomeado, a 11 de janeiro de 1977, Pároco de Meixedo (Arciprestado de Viana do Castelo), abandonado a paroquialidade em 1979 por motivos de saúde.
Faleceu a 9 de outubro de 2021.
In memoriam: Padre Manuel Pereira da Costa
Conheci-o nos longínquos anos de 1957, do século passado, no Seminário da Senhora da Conceição, onde era Prefeito e Professor.
Era um homem austero, exigente, sobretudo no caráter.
Escreveu no quadro, para educação, que quem nas costas não cumpre o exigido e cumpre na presença é:
-Um hipócrita, um trafulha, um catavento… tudo sublinhado e na palavra trafulha acentuava a silaba que fazia a palavra esdrúxula.
Se apanhava um na brincadeira, lá vinha o bofetão…
Era a pedagogia da escola da palmatória, na época.
Dava exemplo na capela, a rezar.
Os anos passaram e depois convivi com ele, quando Pároco da Seara – Ponte de Lima, e eu em Coura, como hoje, nas paróquias de mais de cinquenta anos.
Cruzamo-nos muitas vezes em trabalhos, com ele em serviço de confissões e eu a orientar Tríduos do Coração de Jesus, também na qualidade de Promotor Diocesano do Apostolado da Oração.
Ouvi-o, num quinze de agosto, na Cabração, em festa de Nossa Senhora com o respeitado Pe Manuel da Cabração, célebre ao tempo- anos setenta do século passado- a rir com a pregação do Padre Costa, mas riso de aprovação, que alongou a Festa para duas horas- uma para a pregação, resto Missa Solene e Procissão, e na explicação da palavra, vulgo sermão, desde a liturgias da palavra, ao comunismo, passando pelas saias curtas falou de tudo. Tinha piada!
Era vedor de águas e montado na sua CRYDLER -a motoreta sem par, dizia ele, e de batina, sempre de batina, aliviou da ausência de água muitos dos que a ale recorriam, servindo-se do seu pêndulo… crenças? Habilidades? Energias? Não sei, só sei que tinha muitos clientes.
Quando afastado da paróquia por distúrbios de saúde, recolheu-se na sua casa de Lanheses e dedicou-se ao amanho da terra…
Continuava a ajudar os colegas.
Numas férias pessoais, convidei-o para me substituir e veio celebrar às minhas paróquias.
Ao chegar, com apenas dois domingos fora, o Padre Costa tinha feito um milagre.
O povo, a seu conselho, queria fazer uma capela dedicada a Nossa Senhora no alto do Corno de Bico.
Ainda não era paisagem protegida, mas eu com três paróquias, igrejas para restaurar, capelas – várias espalhadas pelas freguesias e sem culto, com mais uma capela?
Recorri ao D Armindo- bispo de então- que me perguntou:
-E depois da capela feita vai lá fazer culto?
-Não!-respondi prontamente.
-Então esqueça a capela!
Escrevi ao Padre Costa a dizer a opinião do Prelado e sublinhado a vermelho respondeu:
À obra de Deus sempre o Diabo se opõe.
Enfiei a carapuça e fiquei sempre amigo do Padre Costa, que continuei a encontrar com o sorriso franco, a alma aberta em serviço, sobretudo nas paróquias da Ribeira Lima.
Com a idade a pesar recolheu-se na Casa Sacerdotal, onde veio a falecer, com quase noventa e cinco anos.
No seu funeral estavam vinte sacerdotes, dos quais quatro naturais de Lanheses.
Lanheses era um alfobre de vocações.
Hoje choramos os colegas falecidos, as Igrejas sem Párocos, as dificuldades apostólicas.
O remédio está nas nossas mãos:
Pedi ao Senhor da Messe!
Reza-se pouco, diria o Padre Costa.
Rezemos por ele e pelas vocações.
Partiu um amigo mas ficou a saudade dum padre que viveu a seu jeito e deu sempre bom exemplo, se mais não fosse com o seu traje, a sua batina.
E ‘que se um padre incomoda muita gente, um padre com batina incomoda muito mais, dizia um colega também ele de Lanheses, em sessão pública a defender os interesse da paróquia, que lhe estava e está confiada, e colega que muito estimo, e tinha razão, até porque venceu a questão!