“É bela uma Igreja com um rosto alegre, um rosto sereno e sorridente, que nunca fecha as portas, que não exacerba os corações, que não se lamenta nem guarda ressentimentos, que não está zangada nem impaciente, não se apresenta com modos rudes, nem padece de saudades do passado”, continuou relacionando o conhecido sorriso do pontífice beatificado com a necessidade de reforma da Igreja.
“Somos chamados a purificar-nos das nossas ideias erradas sobre Deus e dos nossos fechamentos, a amá-Lo a Ele e aos outros, na Igreja e na sociedade, incluindo aqueles que não pensam como nós e até os próprios inimigos”, apelou.
Francisco lamentou que alguns sigam Jesus por razões “mundanas”, por interesses “pessoais” e não espirituais.
“Por detrás de uma fachada religiosa perfeita, pode esconder-se a mera satisfação das próprias necessidades, a busca do prestígio pessoal, o desejo de aceder a um cargo, de ter as coisas sob controle, o desejo de ocupar espaço e obter privilégios, a aspiração de receber reconhecimentos, e muito mais”, elencou.
De origens humildes, nascido no norte de Itália a 17 de outubro de 1912, o futuro beato da Igreja Católica ficou conhecido, sobretudo, pelo seu curto pontificado, de 33 dias, em 1978, mas a sua beatificação permite sublinhar o seu papel, na Igreja e na sociedade, como padre, Bispo e Cardeal.
Albino Luciani era Patriarca de Veneza quando foi eleito Papa, a 26 de agosto de 1978, assumindo o nome de João Paulo, em homenagem aos seus dois antecessores; recusou a coroação formal, abandonou o “nós” majestático, nos seus discursos, marcados por um estilo coloquial, e não quis ser carregado no trono portátil em que os Papas eram habitualmente transportados em ocasiões especiais para serem bem vistos pelo povo (“sedes gestatoria”).
A simplicidade, a proximidade com os pobres, a defesa da transparência, dentro e fora da Igreja, são pontos de encontro entre a vida de Albino Luciani e a do Papa que o beatificou, Francisco.