Pela primeira vez, ao que parece, S. José foi retratado em 450, no mosaico que decora o arco triunfal da Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, como se fosse romano, vestido de branco, com um manto alaranjado e um bastão, por cinco vezes: a dormir, evocando os seus sonhos; como protetor de Maria, que parece uma nobre romana; com Maria, apresentando Jesus no Templo; no Egipto, com Maria, mas sendo ele a apontar Jesus aos locais; discretamente, a indicar Jesus aos Magos, sentado num trono com Maria a Seu lado.
Após o Concílio de Éfeso, no séc. VI, começa a ser retratado no Presépio como um idoso decrépito, sentado a um canto, numa posição secundária e até de costas para Maria e o Menino, como reforço da declaração de Jesus como Filho de Deus e da virgindade de Maria. Na oficina ou em casa, José é sempre um velho barbado. Só depois da passagem do milénio é que o santo começa a ser figurado como protetor da Sagrada Família e como modelo de pai e de trabalhador, mais próximo e quase ao mesmo nível iconográfico de Maria e de Jesus. Começam a ser sublinhadas as suas virtudes narradas no Evangelho e que viriam a ser tema da maior parte dos grandes artistas plásticos, até aos nossos dias. Uma das primeiras, do séc. XI, é a afirmação de S. José como o homem que tem o privilégio de comunicar com Deus através do sonho, representado a dormir. No séc. XIII, José começa a aparecer como um homem comum, em cenas habituais de vida familiar ou de trabalho, com objetos e ferramentas normais, chamando a atenção para o facto de Jesus também ter a natureza humana.
Curiosamente, depois de o Papa Sisto IV ter instituído 19 de março como o dia litúrgico de S. José, em 1479, os melhores pintores renascentistas começam a representar o santo com grandes semelhanças à habitual imagem de S. Pedro, quer na fisionomia, quer na cor das roupas, quer nas posições físicas. Afirmam os entendidos que a intenção era apresentar José como modelo para os sucessores de Pedro, os futuros Papas, como guardiães da Igreja, os homens a quem Deus a confia. Por outro lado, a partir do séc. XVI e por grande influência de Sta. Teresa de Ávila, começa a ser figurado como modelo de pai, jovem e vigoroso, em cenas familiares em que assume algum protagonismo, interagindo com Jesus, brincando com Ele, enquanto Maria observa, sorrindo. Acompanha o Seu crescimento e faz d’Ele um trabalhador com quem partilha a oficina.
Finalmente, nos séc. XVI e XVII aparecem representações da morte de S. José, no leito, ladeado por Maria e por Jesus, já homem, rodeados de anjos, algumas, figurações quase apoteóticas, outras, de grande intimidade e serenidade.
(texto baseado na conferência de Elizabeth Lev para o Harvard Catholic Forum e para o Lumen Christi Institute, em 27 de março de 2021 – tradução livre)