Refletir em comunidade sobre S. José é primeiramente revisitar o presépio que neste tempo se arma em nossas casas. José é figura discreta que não queria expor Maria à difamação e resolveu deixá-la em segredo; é aquele que escuta no seu interior o sonho do anjo que lhe diz que a realidade é outra e que Maria dará à luz o Filho de Deus. Este sonho reclama da maturidade de S. José e tornou-o o modelo daqueles que escutam mais além de si mesmos e que decidem segundo as mensagens que de Deus recebem. Receber de Deus implica estar à escuta da sua mensagem. José torna-se a figura de quem escuta.
José é o homem ativo que não passa o tempo a reclamar, mas age na força das suas convicções, que lhe advêm da escuta da palavra sentida no silêncio. Mestre ativo no silêncio. Dimensão estruturante de S. José. Numa sociedade mergulhada em muito barulho o resultado é a confusão. Para S. José, num quadro de silêncio, o resultado é a ação ponderada e sempre operante. A sua coragem criativa “vem ao de cima quando se encontram dificuldades. (…) Às vezes, são precisamente as dificuldades que fazem sair de cada um de nós recursos que nem pensávamos ter” (PC 5).
José é o homem que faz bem aos outros, sempre que é preciso manter o recato, ele está numa atitude de bondade atenta para que nada falte. É assim que normalmente se apresenta de lampião na mão assegurando o bem-estar da família. Prepara a gruta para Jesus e Maria e está pronto para fugir aos primeiros anúncios de quebra de serenidade para Jesus, a Quem José assiste e ensina “segurando-O pela mão”. “Muitas vezes pensamos que Deus conta apenas com a nossa parte boa e vitoriosa, quando, na verdade, a maior parte dos seus desígnios se cumpre através e apesar da nossa fraqueza (…) Devemos aprender a aceitar, com profunda ternura, a nossa própria fraqueza”” (PC 2).
S. José é modelo do pai na atividade constante, velando pelo menino e assegurando-lhe as condições reais de um bom crescimento. Em Belém, José está sobretudo em silêncio criativo, pois importa que nada falte ao recém-nascido e a Maria que lhe instigam permanente adoração ativa. É possível estar em atividade permanente e em vigilância constante, tudo dependendo do coração cheio de amor. “Naquele homem (S. José), nunca se nota frustração, mas apenas confiança” (PC 7).